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VIOLÊNCIA
Associação com sede em Bruxelas afirma que nos últimos 15 anos 1.830 homossexuais foram mortos no Brasil
Gays pedem a FHC repúdio aos assassinatos
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Ilga (Associação Internacional de Gays e Lésbicas), com sede
em Bruxelas (Bélgica), quer que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso faça uma declaração pública de repúdio à violência contra homossexuais no Brasil.
O país aparece no ranking da associação como o mais violento do
mundo para a população homossexual, com 1.830 assassinatos nos
últimos 15 anos. Ela se baseia em
pesquisa do Grupo Gay da Bahia.
O secretário-geral da entidade,
Kursad Kahramanoglu, disse ontem, no Rio, que, há dois meses,
enviou uma carta a FHC pedindo
que ele lidere uma campanha pelo
fim da violência contra os homossexuais. Ele afirma que não obteve
resposta até agora.
A associação estuda formas de
chamar a atenção para a situação
no Brasil. Uma das propostas cogitadas é a realização de protestos
em frente às embaixadas e consulados do país no exterior.
Segundo ele, a entidade está
preocupada com o fato de os crimes não serem esclarecidos. ""Não
se trata apenas de incompetência
policial, pois, proporcionalmente,
o número de assassinatos não esclarecidos de homossexuais é superior ao de heterossexuais."
Kahramanoglu diz que uma
campanha internacional afetará a
imagem do país no exterior.
Ele lembra o episódio ocorrido
há dois meses, no sul da Turquia,
quando um oficial impediu que
um barco com turistas gays atracasse. ""O governo turco teve de
pedir desculpas aos gays."
Kahramanoglu está no Rio participando da 2ª Conferência Latino-Americana e do Caribe da Ilga. O encontro, com 250 pessoas,
prossegue hoje e amanhã no auditório da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
A Ilga congrega 500 organizações, de 99 países. O Brasil tem 25
grupos associados.
Embora a direção internacional
da Ilga tenha criticado o silêncio
de FHC diante do pedido de uma
manifestação pública contra a
violência, o governo tem sido elogiado pelas lideranças nacionais.
O organizador do conferência,
Cláudio Nascimento, presidente
do grupo Arco-Íris, disse que 60%
dos gastos do evento estão sendo
custeados pelo Ministério da Justiça, que doou R$ 36 mil. O Ministério da Saúde contribuiu com
outros R$ 19 mil.
Segundo Nascimento, o encontro tem por objetivo a troca de experiência entre os representantes.
No final do encontro, será assinado um documento -a Carta
do Rio- com os pontos consensuais das discussões.
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