São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2000

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VIOLÊNCIA
Associação com sede em Bruxelas afirma que nos últimos 15 anos 1.830 homossexuais foram mortos no Brasil
Gays pedem a FHC repúdio aos assassinatos

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A Ilga (Associação Internacional de Gays e Lésbicas), com sede em Bruxelas (Bélgica), quer que o presidente Fernando Henrique Cardoso faça uma declaração pública de repúdio à violência contra homossexuais no Brasil.
O país aparece no ranking da associação como o mais violento do mundo para a população homossexual, com 1.830 assassinatos nos últimos 15 anos. Ela se baseia em pesquisa do Grupo Gay da Bahia.
O secretário-geral da entidade, Kursad Kahramanoglu, disse ontem, no Rio, que, há dois meses, enviou uma carta a FHC pedindo que ele lidere uma campanha pelo fim da violência contra os homossexuais. Ele afirma que não obteve resposta até agora.
A associação estuda formas de chamar a atenção para a situação no Brasil. Uma das propostas cogitadas é a realização de protestos em frente às embaixadas e consulados do país no exterior.
Segundo ele, a entidade está preocupada com o fato de os crimes não serem esclarecidos. ""Não se trata apenas de incompetência policial, pois, proporcionalmente, o número de assassinatos não esclarecidos de homossexuais é superior ao de heterossexuais."
Kahramanoglu diz que uma campanha internacional afetará a imagem do país no exterior.
Ele lembra o episódio ocorrido há dois meses, no sul da Turquia, quando um oficial impediu que um barco com turistas gays atracasse. ""O governo turco teve de pedir desculpas aos gays."
Kahramanoglu está no Rio participando da 2ª Conferência Latino-Americana e do Caribe da Ilga. O encontro, com 250 pessoas, prossegue hoje e amanhã no auditório da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
A Ilga congrega 500 organizações, de 99 países. O Brasil tem 25 grupos associados.
Embora a direção internacional da Ilga tenha criticado o silêncio de FHC diante do pedido de uma manifestação pública contra a violência, o governo tem sido elogiado pelas lideranças nacionais.
O organizador do conferência, Cláudio Nascimento, presidente do grupo Arco-Íris, disse que 60% dos gastos do evento estão sendo custeados pelo Ministério da Justiça, que doou R$ 36 mil. O Ministério da Saúde contribuiu com outros R$ 19 mil.
Segundo Nascimento, o encontro tem por objetivo a troca de experiência entre os representantes.
No final do encontro, será assinado um documento -a Carta do Rio- com os pontos consensuais das discussões.


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