São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Temporais matam três pessoas no Rio

Dona de casa e 2 filhos foram soterrados em Nova Iguaçu; enchentes tiraram ao menos 453 pessoas de casa em outras cidades

Em Belford Roxo, o volume de água que caiu durante um período de 24 horas correspondeu a 70% do total mensal nesta época

DENISE MENCHEN
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

As chuvas que atingiram o Estado do Rio na noite de anteontem e na madrugada de ontem deixaram três mortos e dois feridos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo a Defesa Civil estadual, o transbordamento de rios e córregos também tirou pelo menos 453 pessoas de casa em outras cidades da Baixada e nos municípios de Tanguá, na região metropolitana, e Natividade, no noroeste do Estado.
As três mortes ocorreram quando um deslizamento de terra atingiu a casa de quatro cômodos da dona de casa Ângela Maria da Silva, 40, e do caseiro José Severiano de Frias, 48, no bairro de Tinguá, por volta das 22h de quarta-feira.
Ele e dois filhos, de 15 e 22 anos, dormiam na hora do acidente e morreram soterrados. A dona de casa e um terceiro filho, Jhonatan José da Silva Frias, 19, ficaram feridos e foram levados para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna (Duque de Caxias).
Casado com a sobrinha de Ângela, o motorista de ônibus Alex César Rodrigues, 35, contou que a dona de casa trabalhava na cozinha quando ouviu um barulho muito alto. "Em questões de segundos, ela foi parar no quintal. O Jhonatan, que estava tomando banho, caiu no meio da rua", disse. "A família está destruída."
Em outros pontos alagados, cenas de desespero se repetiam. Para evitar o contato com a água suja, moradores tentavam se equilibrar sobre qualquer objeto que flutuasse. Geladeiras, banheiras e pedaços de madeira serviam de abrigo até a chegada de socorro. Até a pá de um trator foi usada pelos bombeiros para resgatar uma mulher cega em Belford Roxo.
Na periferia da cidade, cerca de 20 pessoas de uma mesma família ficaram isoladas na laje de uma casa do bairro Parque Amorim. Com o térreo coberto por cerca de 1,5 m de água, Jéssica Delfino, 22, teve que subir para o refúgio com as duas filhas, uma de seis dias de idade.
Sem coberturas laterais, porém, o local não protegeu a família da chuva que durou boa parte da madrugada. "Está todo mundo sem dormir aqui, a neném com a roupa molhada e eu sem ter como dar banho e trocar a roupa dela", disse.
Na tarde de ontem, o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), sobrevoou as áreas mais atingidas e anunciou a instalação de um hospital de campanha em Belford Roxo.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde e a Defesa Civil, a unidade terá capacidade para atender 500 pessoas por dia.
De acordo com a meteorologista Marlene Leal, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as fortes chuvas no Estado foram causadas por uma frente fria que estacionou na região no último domingo.
A Prefeitura de Belford Roxo diz que o volume de chuva em 24 horas na cidade atingiu 70% do total esperado nesta época.


Colaboraram RAFAEL ANDRADE E BRUNO CUNHA , da Sucursal do Rio


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