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Temporais matam três pessoas no Rio
Dona de casa e 2 filhos foram soterrados em Nova Iguaçu; enchentes tiraram ao menos 453 pessoas de casa em outras cidades
Em Belford Roxo, o volume de água que caiu durante
um período de 24 horas correspondeu a 70% do total mensal nesta época
DENISE MENCHEN
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
As chuvas que atingiram o
Estado do Rio na noite de anteontem e na madrugada de ontem deixaram três mortos e
dois feridos em Nova Iguaçu,
na Baixada Fluminense.
Segundo a Defesa Civil estadual, o transbordamento de
rios e córregos também tirou
pelo menos 453 pessoas de casa
em outras cidades da Baixada e
nos municípios de Tanguá, na
região metropolitana, e Natividade, no noroeste do Estado.
As três mortes ocorreram
quando um deslizamento de
terra atingiu a casa de quatro
cômodos da dona de casa Ângela Maria da Silva, 40, e do caseiro José Severiano de Frias, 48,
no bairro de Tinguá, por volta
das 22h de quarta-feira.
Ele e dois filhos, de 15 e 22
anos, dormiam na hora do acidente e morreram soterrados.
A dona de casa e um terceiro filho, Jhonatan José da Silva
Frias, 19, ficaram feridos e foram levados para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em
Saracuruna (Duque de Caxias).
Casado com a sobrinha de
Ângela, o motorista de ônibus
Alex César Rodrigues, 35, contou que a dona de casa trabalhava na cozinha quando ouviu
um barulho muito alto. "Em
questões de segundos, ela foi
parar no quintal. O Jhonatan,
que estava tomando banho,
caiu no meio da rua", disse. "A
família está destruída."
Em outros pontos alagados,
cenas de desespero se repetiam. Para evitar o contato com
a água suja, moradores tentavam se equilibrar sobre qualquer objeto que flutuasse. Geladeiras, banheiras e pedaços de
madeira serviam de abrigo até a
chegada de socorro. Até a pá de
um trator foi usada pelos bombeiros para resgatar uma mulher cega em Belford Roxo.
Na periferia da cidade, cerca
de 20 pessoas de uma mesma
família ficaram isoladas na laje
de uma casa do bairro Parque
Amorim. Com o térreo coberto
por cerca de 1,5 m de água, Jéssica Delfino, 22, teve que subir
para o refúgio com as duas filhas, uma de seis dias de idade.
Sem coberturas laterais, porém, o local não protegeu a família da chuva que durou boa
parte da madrugada. "Está todo
mundo sem dormir aqui, a neném com a roupa molhada e eu
sem ter como dar banho e trocar a roupa dela", disse.
Na tarde de ontem, o governador do Rio, Sergio Cabral
(PMDB), sobrevoou as áreas
mais atingidas e anunciou a
instalação de um hospital de
campanha em Belford Roxo.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual
de Saúde e a Defesa Civil, a unidade terá capacidade para
atender 500 pessoas por dia.
De acordo com a meteorologista Marlene Leal, do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia), as fortes chuvas no Estado foram causadas por uma
frente fria que estacionou na
região no último domingo.
A Prefeitura de Belford Roxo
diz que o volume de chuva em
24 horas na cidade atingiu 70%
do total esperado nesta época.
Colaboraram RAFAEL ANDRADE E BRUNO CUNHA , da Sucursal do Rio
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