São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Serra escolhe o 2º mais votado na USP

Da lista tríplice para reitor da universidade, governador preferiu o diretor da Faculdade de Direito, João Grandino Rodas

Novo reitor é tido como bom administrador; é a 1ª vez desde 1981 que o primeiro colocado na eleição não é indicado pelo governador

CATIA SEABRA
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), escolheu ontem o diretor da Faculdade de Direito, João Grandino Rodas, 64, para a reitoria da USP. Rodas ficou em segundo lugar na eleição da universidade, realizada anteontem.
É a primeira vez desde 1981 que o primeiro colocado na eleição não é o escolhido. O então governador Paulo Maluf optou por Antônio Hélio Vieira, o quarto entre seis nomes.
Pesou para a escolha a reputação de Grandino como bom administrador. Presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no governo Fernando Henrique Cardoso, ganhou projeção na universidade ao conter em um dia a invasão do prédio da Faculdade de Direito, em 2007.
Alunos, funcionários e integrantes de movimentos populares ocuparam o prédio. A pedido de Grandino, a PM retirou os invasores sem que houvesse feridos. Meses antes, a reitoria da USP, sob o comando da reitora, Suely Vilela, havia ficado 50 dias ocupada. A invasão só acabou quando os manifestantes decidiram sair.
Antes da decisão de ontem, Serra disse a interlocutores que a escolha do novo reitor seria crucial. Sob o comando de Suely, a universidade foi fonte de problemas, como a ocupação da reitoria em 2007 e o confronto entre policiais e alunos no campus em junho deste ano.
O mais votado para reitor foi o diretor do Instituto de Física de São Carlos, Glaucius Oliva. Cientista respeitado, ele recebeu o apoio extraoficial da reitora, pela qual Serra não tem simpatia desde a invasão da reitoria. Os dois lados trocaram críticas em público pela forma de condução da negociação.
Nos bastidores, Grandino fez sua campanha como oposição a Vilela. Recebeu o apoio de diretores de escolas tradicionais, como Medicina, e de três ex-reitores (Guerra Vieira, Flávio Fava e Adolpho Melfi).
Grandino é bem relacionado com o primeiro escalão do governo tucano -já trabalhou com Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil.
Serra consultou aliados antes da escolha. Atenuou o desgaste de não ter escolhido o primeiro da lista tríplice o fato de o segundo turno ter chegado ao terceiro escrutínio -nenhum nome teve maioria nas votações.
Votaram 274 eleitores (os professores titulares dominam o colégio eleitoral). Oliva teve 161 votos, e Rodas, 104. Oito candidatos estavam na disputa.
A escolha deverá ser publicada no "Diário Oficial" de hoje. Até a noite de ontem, Grandino afirmou que não havia sido informado da decisão.

Propostas
Grandino disse à Folha em julho que uma das suas principais propostas era buscar recursos adicionais ao orçamento repassado pelo governo, em negociações com o BNDES ou Banco Mundial.
Ele considera necessária a recuperação da estrutura física da universidade. Defende que a universidade precisa ter cada vez mais autonomia e que buscaria meios legais para isso.


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