ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A reação dos estudantes que frequentaram o curso de direito da USP nos últimos anos e não viram uma aula do professor Antonio Junqueira de Azevedo é quase sempre a mesma: lamentar.
Rigoroso e exigente, não aprovava facilmente qualquer aluno. Mesmo assim, era adorado e considerado por muitos o principal professor de direito privado do país nas últimas décadas.
A aposentadoria, compulsória, veio em julho agora, quando ele completou 70 anos, sendo que 52 deles foram ligados à USP. Ele entrou na faculdade em 1957.
Em 1967 já era doutor e, no ano seguinte, professor. Sua tese de livre-docência, publicada em 1974 sob o título "Negócio Jurídico: Existência, Validade e Eficácia" foi um divisor de águas.
Pioneiro na discussão do papel social dos contratos, ele teve muitos de seus textos usados para amparar o Código de Defesa do Consumidor e o atual Código Civil.
Como diretor da faculdade de direito nos anos 90, idealizou o curso para o interior de SP, o que só se concretizou ano passado, quando as aulas de direito da USP passaram a ser dadas em Ribeirão Preto.
Na terça, pouco antes do apagão no país, ele morreu após uma parada cardíaca.
Para seus orientandos, foi uma metáfora: sua morte foi como um apagão no mundo jurídico, mas seu legado fica.
Deixa o filho Inácio, biólogo. A missa de sétimo dia será terça, às 12h30, na igreja Nossa Sra. do Brasil, em SP.

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