São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2000

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ORÇAMENTO

Grupo de Milton Leite afastou Colasuonno de comissão após acusações mútuas de tentativa de favorecer empresários

PMDB troca insinuações sobre corrupção

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma disputa de forças na bancada do PMDB, por causa do Orçamento de 2001, terminou ontem em bate-boca e no afastamento do vereador Miguel Colasuonno (PMDB) da Comissão de Finanças da Câmara. Integrantes do partido trocaram insinuações de corrupção envolvendo o Orçamento e subsídios para o setor de transportes.
"Não sei o que está acontecendo. Tem algum mistério na bancada", disse ontem Colasuonno, que era relator do Orçamento, após saber de seu afastamento da comissão. Ele insinuou que a bancada estaria tentando tirar vantagem do Orçamento. Segundo ele, o anúncio do corte do subsídio para os transportes faria com que os empresários do setor procurassem os vereadores do PMDB.
"Minha avaliação do Orçamento é técnica. Não vou ceder para empresários", disse.
O vereador Milton Leite, presidente municipal do PMDB, negou que a bancada esteja usando o Orçamento como instrumento de barganha e devolveu a insinuação. "É ele (Colasuonno) que tem de explicar por que deu R$ 96 milhões para subsidiar os empresários, sem apresentar nenhuma justificativa", afirmou.
"Todo mundo sabe que defendo a bandeira dos perueiros e que, por mim, passava o facão no subsídio", disse Leite.

Atraso
Colasuonno já tinha o relatório pronto e a sua saída vai atrasar a aprovação do Orçamento. Segundo Leite, Colasuonno foi afastado da comissão porque se recusava a alterar o relatório e incluir propostas da bancada.
A vereadora Myryam Athie foi escolhida pelo partido para ser a nova relatora do Orçamento. Mas, segundo parlamentares peemedebistas, é Milton Leite que vai elaborar a nova proposta.
O presidente do PMDB disse que o subsídio do transporte coletivo de R$ 96 milhões, contido na proposta de Colasuonno, é muito alto. Ele também quer mais verba para a construção de casas populares por meio de mutirões.
Apesar de dizer que vai reestudar todos os valores do relatório, Leite afirmou que a nova proposta, que deverá manter remanejamento de 15% do Orçamento, deve estar pronta até o final de semana. Myryam disse, no entanto, que deve demorar de 10 a 15 dias.
Só que o relatório, depois de ser votado na própria comissão, ainda tem de ser receber emendas em duas sessões da Câmara e depois ser votado pelo plenário até o dia 31 de dezembro.
Mas a relatoria de Myryam ainda pode ser questionada. O vereador Paulo Roberto Faria Lima (PMDB), presidente da Comissão de Finanças -que apóia Colasuonno e se absteve na votação do afastamento-, disse que a bancada pode substituir um integrante na comissão, mas cabe a ele (presidente) escolher o relator.
"Não fui comunicado oficialmente do afastamento. Só depois disso vou decidir o que fazer", disse sobre a possibilidade de contestar a indicação.


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