São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

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Ministro culpa a Aeronáutica por falhas em manutenção

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em tom de desabafo, o ministro Waldir Pires (Defesa) disse ontem -antes da aprovação do relatório do TCU- que falhas de "gestão na manutenção" do controle aéreo, por parte da Aeronáutica, foram responsáveis pela crise no setor.
Em queda-de-braço com os militares desde o início da crise, ele disse que o governo tem cobrado a Aeronáutica pelo "acompanhamento da manutenção" dos equipamentos usados no controle das aeronaves.
"Problemas de, digamos assim, uma certa, digamos assim, gestão na manutenção. Mas que está sendo corrigido", disse, ao ser questionado sobre a causa da crise aérea.
O Comando da Aeronáutica não comentou a declaração até a conclusão desta edição. Ontem, segundo relato de senadores com quem esteve reunido, o comandante Luiz Carlos Bueno também afirmou que houve falta de atualização nos sistemas do Cindacta-1.
Segundo Pires, o enfoque do governo no momento é a segurança dos passageiros. "Essa [gestão na manutenção] não é a essência. A essência são todos os brasileiros que comprarem bilhete de avião poderem viajar, que o vôo seja seguro."
Pires completou: "A essência do problema nós [do governo federal] estamos todos dizendo à Aeronáutica que precisamos ter um acompanhamento de manutenção, que a Aeronáutica está providenciando, adequado à plena tranqüilidade de toda a operação".
Na semana passada, supostamente um erro operacional de um técnico de manutenção, militar, causou uma pane na central de rádio do Cindacta-1, parando os aeroportos do país.
Ontem, Pires convocou a imprensa para atacar o que ele chamou de "falta de ética" do ministro Augusto Nardes, do TCU. Um dia antes, após encontro com Pires, Nardes disse que, ao conversarem sobre a possibilidade de longos atrasos nos feriados de final de ano, o ministro da Defesa pediu "fé" dos passageiros e "solidariedade" dos controladores.
"Parece uma entrevista com falta de ética na relação institucional", disse Pires. "Vi e achei que é uma coisa que não ajuda as relações institucionais democráticas que devemos ter."
Pires negou que, na conversa com Nardes, tenha colocado a fé ou as rezas como as únicas opções dos passageiros no fim do ano. Mas disse que a ajuda de Deus é sempre bem-vinda.
Nardes disse que fez um "comentário positivo" e que também é "um homem de fé".


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