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Ministro culpa a Aeronáutica por falhas em manutenção
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em tom de desabafo, o ministro Waldir Pires (Defesa)
disse ontem -antes da aprovação do relatório do TCU- que
falhas de "gestão na manutenção" do controle aéreo, por parte da Aeronáutica, foram responsáveis pela crise no setor.
Em queda-de-braço com os
militares desde o início da crise, ele disse que o governo tem
cobrado a Aeronáutica pelo
"acompanhamento da manutenção" dos equipamentos usados no controle das aeronaves.
"Problemas de, digamos assim, uma certa, digamos assim,
gestão na manutenção. Mas
que está sendo corrigido", disse, ao ser questionado sobre a
causa da crise aérea.
O Comando da Aeronáutica
não comentou a declaração até
a conclusão desta edição. Ontem, segundo relato de senadores com quem esteve reunido, o
comandante Luiz Carlos Bueno também afirmou que houve
falta de atualização nos sistemas do Cindacta-1.
Segundo Pires, o enfoque do
governo no momento é a segurança dos passageiros. "Essa
[gestão na manutenção] não é a
essência. A essência são todos
os brasileiros que comprarem
bilhete de avião poderem viajar, que o vôo seja seguro."
Pires completou: "A essência
do problema nós [do governo
federal] estamos todos dizendo
à Aeronáutica que precisamos
ter um acompanhamento de
manutenção, que a Aeronáutica está providenciando, adequado à plena tranqüilidade de
toda a operação".
Na semana passada, supostamente um erro operacional de
um técnico de manutenção,
militar, causou uma pane na
central de rádio do Cindacta-1,
parando os aeroportos do país.
Ontem, Pires convocou a imprensa para atacar o que ele
chamou de "falta de ética" do
ministro Augusto Nardes, do
TCU. Um dia antes, após encontro com Pires, Nardes disse
que, ao conversarem sobre a
possibilidade de longos atrasos
nos feriados de final de ano, o
ministro da Defesa pediu "fé"
dos passageiros e "solidariedade" dos controladores.
"Parece uma entrevista com
falta de ética na relação institucional", disse Pires. "Vi e achei
que é uma coisa que não ajuda
as relações institucionais democráticas que devemos ter."
Pires negou que, na conversa
com Nardes, tenha colocado a
fé ou as rezas como as únicas
opções dos passageiros no fim
do ano. Mas disse que a ajuda
de Deus é sempre bem-vinda.
Nardes disse que fez um "comentário positivo" e que também é "um homem de fé".
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