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Polícia investiga elo entre escola de samba e o PCC
Suspeita é que a Império da Casa Verde, bicampeã do Carnaval de São Paulo, receba dinheiro da facção criminosa
Grampos telefônicos autorizados pela Justiça flagraram conversas para planejar ações criminosas, segundo disse o delegado
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A escola de samba Império
da Casa Verde, bicampeã do
Grupo Especial do Carnaval de
São Paulo, será investigada pela
Polícia Civil por suspeita de receber dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Grampos telefônicos autorizados pela Justiça flagraram,
segundo a polícia, membros da
agremiação carnavalesca planejando ações criminosas diretamente com Sidney Rogério
de Moraes, 39, considerado arrecadador da facção na zona
norte da capital. Lá, o PCC movimentaria cerca de R$ 500 mil
por mês. Moraes foi preso no
último sábado.
De acordo com a polícia, três
membros do Império da Casa
Verde também pertencem ao
PCC. Alexandre Constantino
Furtado, 34, Rogério Sevilha
Silva, 26, e Fábio Franco de Oliveira, 23, que seriam diretores
da escola, foram indiciados juntamente com outras nove pessoas por envolvimento com a
quadrilha de Moraes. Os dois
primeiros acusados foram presos no sábado, enquanto o terceiro está foragido.
Segundo o delegado Fábio do
Amaral Alcântara, do SIG (Setor de Investigações Gerais) da
4ª Delegacia Seccional, na Casa
Verde (zona norte), as escutas
também revelaram que os responsáveis pela Império da Casa
Verde usavam esses três membros da escola para obter empréstimos financeiros de origem desconhecida.
"Devido ao envolvimento
dessas três pessoas com o PCC ,
a escola de samba vai ter que
dar muitas explicações sobre o
dinheiro usado para fazer o
Carnaval", afirmou Alcântara.
O delegado diz que numa das
conversas interceptadas o diretor-geral da Império da Casa
Verde, Júnior Marques, 30, pede para dois acusados buscarem dinheiro para a escola.
"O grampo revelou que a Império recebe dinheiro de origem desconhecida. O Júnior
mandava o Fábio e o Alexandre
pegá-lo. E como esses dois
membros da Casa Verde trabalhavam para o PCC, não podemos deixar de investigar a origem do dinheiro que entra na
escola", reforçou Alcântara.
Procurado pela Folha, o diretor-geral da escola afirmou
que Furtado não é diretor da
Império da Casa Verde, mas
sim chefe de ala, e será desligado dela. Os outros dois homens
apontados como membros da
agremiação pertencem à comunidade, segundo Junior
Marques (leia texto ao lado).
Segundo a polícia, Furtado já
teve passagens por outros delitos e Silva é investigado pelo
Ministério Público por suspeita de participação em um seqüestro na Grande São Paulo.
Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas por suspeita de crime
de formação de quadrilha, associação ao tráfico de drogas,
falsificação de documentos e
extorsão mediante seqüestro.
Além dos dois membros da
escola de samba detidos, a polícia prendeu também: José Rocha de Moraes, 38, Denis Damasceno dos Santos, 21, Helder
da Silva Augusto, 38, Tiago de
Moraes, 24, Marileide Aparecida Bastos dos Santos, 26, Maicon Sevilha da Silva, 20, e Rodrigo Ubirajara de Gouvea, 20.
Já Márcio José Fornez, 23, é
procurado pela polícia.
Segundo a polícia, o dinheiro
movimentado pela facção criminosa é ilícito. Ele é obtido
com a venda de rifas, tráfico de
drogas, seqüestros, extorsões,
clonagens de cartões de bancos, assaltos, furtos e da mensalidade de R$ 1.050 cobrada
dos filiados do PCC.
Em 2005, a Império da Casa
Verde foi alvo do Ministério
Público, acusada de fazer apologia ao crime no desfile no
Anhembi por exibir imagem do
bicheiro Chico Ronda, fundador da escola, morto em 2003.
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