São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

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Morre garoto queimado por assaltantes

Dois homens presos confessaram os assassinatos, segundo a polícia; multidão tentou invadir delegacia em Bragança

Um dos acusados prestava serviço para loja da família e teria matado o casal e o filho por ter sido reconhecido pela mãe do menino e por gerente

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Cerca de 300 moradores tentam invadir a delegacia seccional de Bragança Paulista após a prisão dos acusados pelos homicídios

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRAGANÇA PAULISTA

O garoto Vinícius Faria de Oliveira, 5, que foi amarrado, amordaçado e queimado dentro do carro de sua família em Bragança Paulista (83 km de SP) na noite de domingo, morreu na manhã de ontem. Com 90% do corpo queimado, ele não resistiu aos ferimentos.
Seus pais, a comerciante Eliana Faria da Silva, 32, e o mecânico Leandro Donizete de Oliveira, 31, morreram no domingo carbonizados dentro do veículo.
Os dois acusados pelo crime foram presos. Segundo a Polícia Civil, Luiz Fernando Pereira, 38, detido na tarde de ontem, confessou ter cometido os assassinatos por ter sido reconhecido por Eliana e a gerente de sua loja de tecidos -que também estava no carro- depois de roubar R$ 20 mil do estabelecimento. A polícia descobriu que ele trabalhava havia cerca de dez anos fazendo serviços elétricos na loja.
O outro acusado é o soldador Joabe Severino Ribeiro, 36, preso na noite de anteontem. Casado e pai de dois filhos, ele é cunhado de Pereira e também confessou os assassinatos, conforme a polícia, que não informou se eles tinham advogado.

Invasão
A população reagiu com revolta ao crime. Ao menos 300 pessoas abriram o portão da delegacia seccional, para invadi-la, mas a Polícia Militar as conteve com golpes de cassetete.
À tarde, segundo o delegado seccional Paulo Tucci, Ribeiro confessou os assassinatos. No momento em que foi apresentado à imprensa, no entanto, negou o crime e disse que só falaria com seu advogado.
Ele tem condenações por roubo e tentativa de latrocínio. Foi condenado em 1999 a oito anos e dez meses de prisão. Cumpriu um sexto da pena na penitenciária do Carandiru, em São Paulo, e foi libertado.
Ribeiro apresentou queimaduras no braço esquerdo e no rosto. Alegou à polícia que se queimou no trabalho de soldador. A polícia afirma que ele caiu em contradição quando disse que sempre usava máscara e um avental de couro para evitar queimaduras.
No início da noite, apenas Ribeiro permanecia na delegacia, mas também deveria ser retirado de lá na madrugada, por segurança. Os acusados devem ficar em locais diferentes, que não serão divulgados.

"Divertido"
Vinícius morreu depois de permanecer cerca de 36 horas em estado grave na UTI do Hospital Universitário São Francisco, em Bragança. "Ele faria seis anos no dia 19 de janeiro. Estava aprendendo a escrever. Escrevia o nome dos pais. Era um garoto divertido e gostava de jogar videogame", disse o tio dele, o policial Wilson Aparecido da Silva, 42.
A avó do garoto, transtornada com o crime, foi internada à noite após sofrer um derrame.
A gerente Luciana Michele Dorta, 27, que teve 70% do corpo queimado, foi transferida para um hospital especializado em tratamento de queimados em Limeira. Seu estado é grave. Mesmo assim, ela reconheceu por foto um dos acusados.


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