PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) reuniu ontem cerca de cem dos principais arquitetos e urbanistas da cidade para buscar apoio à sua nova proposta de mudanças para o parque Ibirapuera.
O projeto discutido ontem foi a incorporação do Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, e do Obelisco ao Ibirapuera. A obra pretende desviar a avenida Pedro Álvares Cabral, que passa entre o parque e o monumento, criando uma área verde no local. Com um telão detalhando o projeto, o debate durou cerca de duas horas, na sede da prefeitura.
Arquitetos ouvidos pela Folha consideraram a iniciativa "pioneira" e "produtiva". O principal objetivo foi tentar obter um consenso em torno das mudanças, para evitar críticas futuras.
"Sempre defendemos a ampliação do verde, da qualidade de vida, mas estávamos meio estrangulados nessa discussão da fonte [a instalação de uma fonte multimídia, que enfrenta resistências no Condephaat] , do auditório [cuja construção foi contestada pela Promotoria], como se estivéssemos na contramão da história, como se tivéssemos abandonado todas as idéias progressistas. Agora, numa reunião como essa, constrói-se o consenso", disse o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo.
O vereador e arquiteto Nabil Bonduki (PT) também elogiou a iniciativa e defendeu que a prefeitura promova esse tipo de debate "em todos os projetos que vão mexer com a cidade".
Em geral, houve apoio às mudanças, mas foram sugeridos alguns aperfeiçoamentos. Uma das sugestões mais bem recebidas foi a da arquiteta Rosana Helena Miranda, de erguer pontes das estações de metrô próximas do Ibirapuera até o parque, para facilitar o acesso por transporte público.
Autor do projeto de incorporação desses monumentos ao parque, o arquiteto Marcos Cartum explicou que "o viário está se subordinando a um projeto urbanístico, o que não é comum".
O aumento da área verde do parque é uma unanimidade entre os arquitetos. Siegbert Zanettini, da USP, e Roberto Loeb, por exemplo, defenderam a desapropriação dos imóveis na República do Líbano, para acabar com a barreira entre a avenida e o parque. O secretário Diogo, porém, afirmou que isso não será discutido agora.
Depois do evento, a prefeita Marta Suplicy disse que as mudanças não vão ocorrer neste ano, em razão das eleições. "O que fiz foi chamar as cabeças pensantes, mais brilhantes e críticas da cidade de São Paulo para ouvir. Estamos ainda na fase de idéias".


Texto Anterior: Desarmamento: Justiça mantém guarda armada em Louveira
Próximo Texto: Diplomacia: No Rio, americano é recebido com flor
Índice