São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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"Vivemos numa ilha", diz vítima em Atibaia

Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Crianças em área alagada na Vila São José, anteontem; os moradores temem novas enchentes

AFONSO BENITES
ENVIADO A ATIBAIA (SP)

Pela porta dos fundos de sua casa, a agricultora Maria Aparecida de Almeida, 55, vê o rio Atibaia passar no quintal onde antes havia plantações de banana, quiabo e hortaliças. "Vivemos praticamente numa ilha.
Até lambari eu vi entrar na cozinha", diz o marido dela, o aposentado José da Silva, 77.
Anteontem, 11 dias depois da pior enchente dos últimos 25 anos em Atibaia, o casal pôde sair de casa sem molhar os pés.
"Agora a água já desceu bastante. Antes, ela batia na cintura", conta a agricultora. Cobras, sapos e rãs eram vistos com frequência nas casas alagadas na favela da Vila São José.
A Folha localizou 20 famílias que dizem ter perdido quase tudo. Nos últimos dias, elas dependiam das doações.
Os moradores e a prefeitura afirmam que a chuva forte e a abertura parcial das comportas dos reservatórios Atibainha, em Nazaré Paulista, e Cachoeira, em Piracaia, foram os responsáveis pela enchente que começou em 13 de dezembro e se agravou em 1º de janeiro.
A Sabesp diz que os alagamentos começaram cinco dias antes da abertura dos vertedouros, e que eles só ocorreram porque bairros foram construídos em áreas de várzea.
"Não é a represa que causa enchente, pelo contrário, ela só ajuda para que isso não aconteça", diz Hélio Luiz Castro, superintendente de produção de água da Sabesp.
A possibilidade de novos alagamentos preocupa os moradores. "Dependemos totalmente das autoridades. Não temos o que fazer", lamenta o catador de material reciclável Adalberto Santos, 29.


Colaborou o "AGORA"


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