|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Vivemos numa ilha", diz vítima em Atibaia
Rodrigo Paiva/Folha Imagem
|
|
Crianças em área alagada na Vila São José, anteontem; os moradores temem novas enchentes
AFONSO BENITES
ENVIADO A ATIBAIA (SP)
Pela porta dos fundos de sua
casa, a agricultora Maria Aparecida de Almeida, 55, vê o rio
Atibaia passar no quintal onde
antes havia plantações de banana, quiabo e hortaliças. "Vivemos praticamente numa ilha.
Até lambari eu vi entrar na cozinha", diz o marido dela, o aposentado José da Silva, 77.
Anteontem, 11 dias depois da
pior enchente dos últimos 25
anos em Atibaia, o casal pôde sair de casa sem molhar os pés.
"Agora a água já desceu bastante. Antes, ela batia na cintura", conta a agricultora. Cobras,
sapos e rãs eram vistos com frequência nas casas alagadas na
favela da Vila São José.
A Folha localizou 20 famílias que dizem ter perdido quase tudo. Nos últimos dias, elas dependiam das doações.
Os moradores e a prefeitura
afirmam que a chuva forte e a
abertura parcial das comportas
dos reservatórios Atibainha,
em Nazaré Paulista, e Cachoeira, em Piracaia, foram os responsáveis pela enchente que
começou em 13 de dezembro e se agravou em 1º de janeiro.
A Sabesp diz que os alagamentos começaram cinco dias
antes da abertura dos vertedouros, e que eles só ocorreram
porque bairros foram construídos em áreas de várzea.
"Não é a represa que causa
enchente, pelo contrário, ela só
ajuda para que isso não aconteça", diz Hélio Luiz Castro, superintendente de produção de
água da Sabesp.
A possibilidade de novos alagamentos preocupa os moradores. "Dependemos totalmente das autoridades. Não temos o que fazer", lamenta o catador de material reciclável
Adalberto Santos, 29.
Colaborou o "AGORA"
Texto Anterior: SP se prepara para evacuar áreas de represas Próximo Texto: Chuva: Governo editará nova MP de ajuda a estados Índice
|