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DISCUSSÃO
Segundo participantes de debate promovido pela Folha, é preciso priorizar educação para acabar com violência
Impunidade gera violência policial no Brasil
da Reportagem Local
A impunidade, a formação
inadequada de
policiais e a
marginalização
da população
carente são fatores que levam à
prática da violência policial no
Brasil.
Essa foi a principal opinião emitida pelos participantes do debate
``Violência Policial: Causas e Soluções'', promovido pela Folha no
dia 27 de janeiro.
Participaram do evento o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, José Afonso da
Silva, o deputado federal Helio Bicudo (PT-SP), o juiz criminal do
Tribunal de Justiça de São Paulo
Walter Fanganiello Maierovitch e
o diretor da Human Rigths
Watch/Americas no Brasil, James
Cavallaro.
Autoritarismo
Os debatedores também concordaram que a truculência policial
está enraizada no Brasil desde o
início da colonização.
``A mentalidade oficial brasileira
sempre foi autoritária e violenta.
Como o país teve poucos momentos de democracia, a sociedade
brasileira ainda é autoritária'', opinou José Afonso.
Para ele, a polícia é apenas um
reflexo dessa sociedade violenta.
A reversão desse quadro, de
acordo com os debatedores, depende de uma mudança radical na
mentalidade, na cultura e na relação de poder da sociedade.
Para mudar isso, é necessário
que o poder público priorize a
educação.
``Educar a população é a chave
para mudar essa situação. Somente uma população educada para a
legalidade e a democracia pode
acabar com a violência e a corrupção'', opinou o juiz Maierovitch.
Dicotomia
Cavallaro também aponta a profissionalização da polícia como
um caminho para o fim da tortura
e violência policial.
Para ele, a polícia precisa ser melhor remunerada e equipada e fazer um trabalho de investigação
profissional, partindo do crime
para o criminoso e não, como
acontece hoje, do criminoso para
o crime.
``Há uma dicotomia na sociedade brasileira de que existe uma polícia violenta ou uma polícia de direitos humanos'', afirmou James
Cavallaro.
``Mas deve-se buscar uma polícia atuante, que respeite os cidadãos, mesmo aqueles que cometem crimes.''
Curto prazo
Já o deputado Hélio Bicudo
apontou soluções a curto prazo
para o problema da tortura no
Brasil.
Em sua opinião, o Código Penal
precisa ser reformulado para a
criação de penas alternativas.
Isso diminuiria a situação caótica dos presídios, que também provoca violência contra detentos.
Ele ainda defende uma maior
aproximação entre polícia, Ministério Público e Judiciário para uma
maior ``justiça'' nos julgamentos.
``Hoje em dia julgam-se processos e não pessoas. Isto é uma grande forma de violência que precisa
ter fim'', opinou.
Por fim, o deputado pede a aprovação de uma lei de sua autoria,
que tipifica e pune o crime de tortura, hoje inexistente no Código
Penal.
O projeto, já aprovado na Câmara, está na pauta do Senado e deve
ser votado em março.
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