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CARNAVAL
Escola venceu por um décimo de ponto a Beija-Flor, que foi a segunda colocada; o último título da agremiação foi em 98, quando a escola fez homenagem a Chico Buarque
Deu Mangueira
Ana Carolina Fernabdes/Folha Imagem
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Integrantes da Mangueira comemoram a vitória na quadra |
FERNANDA DA ESCÓSSIA
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Numa vitória apertada, a Mangueira foi a vencedora do desfile
das escolas de samba do Rio de Janeiro, conquistando o primeiro
lugar por uma diferença de apenas um décimo de ponto sobre a
Beija-Flor, outra favorita.
A vitória era esperada pelo público, que acenou com 70 mil bandeiras aos gritos de "é campeã" ao
fim do desfile da escola, o segundo da noite de segunda-feira. O
enredo vitorioso foi "Brazil com
"z" é pra Cabra da Peste, Brasil
com "s" é Nação do Nordeste".
Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense ficaram com segundo e
terceiro lugares, respectivamente.
Além delas, o desfile das campeãs,
no sábado, terá a apresentação de
Mocidade Independente, Viradouro e Salgueiro, além de Acadêmicos de Santa Cruz, que subiu
do Grupo de Acesso. A São Clemente ficou em último lugar e foi
rebaixada para esse grupo, espécie de segunda divisão do samba.
A Mangueira teve apenas três
notas inferiores a 10 -uma 9,7 e
duas 9,9, nos quesitos adereços e
alegorias, evolução e bateria, respectivamente.
A disputa foi apertada até o final
da apuração, porque a Mangueira
vinha se mantendo à frente da
Beija-Flor por apenas dois décimos. Quando foi anunciada a última nota do quesito bateria, a Beija-Flor recebeu dez.
O locutor começou então a
anunciar a nota da Mangueira: 9,9
-foi um alívio e uma explosão de
alegria dos mangueirenses, que só
aí viram que a vitória da escola estava assegurada.
Como a Mangueira é muito perto do sambódromo, as arquibancadas também ficaram cheias de
mangueirenses, que vibravam a
cada 10 obtido pela escola.
A Beija-Flor ficou inconformada com a nota 9,5 no quesito alegorias e adereços e com o consequente vice-campeonato por apenas um décimo. "Não tenho nem
o que falar. Ensaiamos arduamente quatro vezes por semana
para chegar aqui e perder por um
décimo?", lamentou o puxador da
escola, Neguinho da Beija-Flor.
A direção da Imperatriz, por
outro lado, já foi para a apuração
no sambódromo sabendo que
não levaria o tetracampeonato.
O presidente da escola, Wagner
Araújo, disse que não esperava o
título. "Tivemos problemas com
um carro alegórico, o que prejudicou a evolução. Sabíamos que seria muito difícil vencer", disse.
Este é o 18º título da escola fundada pelo compositor Cartola. O
último havia sido conquistado em
1998, quando a Mangueira levou
para o sambódromo o enredo
"Chico Buarque da Mangueira".
O compositor Jamelão foi um
dos que mais comemoraram o título. "Mangueira é Mangueira, o
resto é o resto", disse ele, que
acompanhou a contagem dos
pontos do início ao fim.
O dançarino Carlinhos de Jesus
chorou com a conquista e com as
quatro notas máximas recebidas
pela comissão de frente da escola,
ensaiada por ele. A comissão
apresentou cangaceiros, retirantes, o casamento de Maria Bonita
e Lampião e dançarinas vestidas
de bonecas, que entravam e saíam
de malas remendadas.
No morro da Mangueira (zona
norte), traficantes de drogas festejaram com tiros a vitória da escola. Na quadra, 5.000 pessoas já comemoravam o título antes do início da noite.
Dona Zica, viúva de Cartola,
que não pôde desfilar porque passou mal na véspera e teve de ser
internada, comemorou o título de
dentro do hospital São Victor, na
Tijuca (zona norte). Ela afirmou
que vai estar no desfile das campeãs, no sábado.
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