São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARNAVAL

Escola venceu por um décimo de ponto a Beija-Flor, que foi a segunda colocada; o último título da agremiação foi em 98, quando a escola fez homenagem a Chico Buarque

Deu Mangueira

Ana Carolina Fernabdes/Folha Imagem
Integrantes da Mangueira comemoram a vitória na quadra


FERNANDA DA ESCÓSSIA
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Numa vitória apertada, a Mangueira foi a vencedora do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, conquistando o primeiro lugar por uma diferença de apenas um décimo de ponto sobre a Beija-Flor, outra favorita.
A vitória era esperada pelo público, que acenou com 70 mil bandeiras aos gritos de "é campeã" ao fim do desfile da escola, o segundo da noite de segunda-feira. O enredo vitorioso foi "Brazil com "z" é pra Cabra da Peste, Brasil com "s" é Nação do Nordeste".
Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense ficaram com segundo e terceiro lugares, respectivamente. Além delas, o desfile das campeãs, no sábado, terá a apresentação de Mocidade Independente, Viradouro e Salgueiro, além de Acadêmicos de Santa Cruz, que subiu do Grupo de Acesso. A São Clemente ficou em último lugar e foi rebaixada para esse grupo, espécie de segunda divisão do samba.
A Mangueira teve apenas três notas inferiores a 10 -uma 9,7 e duas 9,9, nos quesitos adereços e alegorias, evolução e bateria, respectivamente.
A disputa foi apertada até o final da apuração, porque a Mangueira vinha se mantendo à frente da Beija-Flor por apenas dois décimos. Quando foi anunciada a última nota do quesito bateria, a Beija-Flor recebeu dez.
O locutor começou então a anunciar a nota da Mangueira: 9,9 -foi um alívio e uma explosão de alegria dos mangueirenses, que só aí viram que a vitória da escola estava assegurada.
Como a Mangueira é muito perto do sambódromo, as arquibancadas também ficaram cheias de mangueirenses, que vibravam a cada 10 obtido pela escola.
A Beija-Flor ficou inconformada com a nota 9,5 no quesito alegorias e adereços e com o consequente vice-campeonato por apenas um décimo. "Não tenho nem o que falar. Ensaiamos arduamente quatro vezes por semana para chegar aqui e perder por um décimo?", lamentou o puxador da escola, Neguinho da Beija-Flor.
A direção da Imperatriz, por outro lado, já foi para a apuração no sambódromo sabendo que não levaria o tetracampeonato.
O presidente da escola, Wagner Araújo, disse que não esperava o título. "Tivemos problemas com um carro alegórico, o que prejudicou a evolução. Sabíamos que seria muito difícil vencer", disse.
Este é o 18º título da escola fundada pelo compositor Cartola. O último havia sido conquistado em 1998, quando a Mangueira levou para o sambódromo o enredo "Chico Buarque da Mangueira".
O compositor Jamelão foi um dos que mais comemoraram o título. "Mangueira é Mangueira, o resto é o resto", disse ele, que acompanhou a contagem dos pontos do início ao fim.
O dançarino Carlinhos de Jesus chorou com a conquista e com as quatro notas máximas recebidas pela comissão de frente da escola, ensaiada por ele. A comissão apresentou cangaceiros, retirantes, o casamento de Maria Bonita e Lampião e dançarinas vestidas de bonecas, que entravam e saíam de malas remendadas.
No morro da Mangueira (zona norte), traficantes de drogas festejaram com tiros a vitória da escola. Na quadra, 5.000 pessoas já comemoravam o título antes do início da noite.
Dona Zica, viúva de Cartola, que não pôde desfilar porque passou mal na véspera e teve de ser internada, comemorou o título de dentro do hospital São Victor, na Tijuca (zona norte). Ela afirmou que vai estar no desfile das campeãs, no sábado.



Texto Anterior: Vestibular: Fuvest divulga a lista dos aprovados
Próximo Texto: Beija-Flor é vice pela quarta vez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.