São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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Marta diz que não tem solução para camelôs

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, assumiu ontem que ainda não fez nada para resolver o problema dos camelôs na cidade, uma questão que, segundo ela, já passou do limite do tolerável.
"Estou muito preocupada, porque acho que está chegando ao limite do tolerável, aliás já passou", declarou.
O próprio secretário da Secretaria da Implementação das Subprefeituras (SIS), Arlindo Chinaglia, reconheceu que a prefeitura nem sabe o número de ambulantes que trabalham nas ruas. "Uns estimam 15 mil, alguns, 20 mil, outros falam até em 40 mil."
"Ainda não apresentamos uma solução eficiente. O projeto (dos locais onde os camelôs poderão ficar) não está pronto ainda e, como a gente acha que não adianta tirar, pôr rapa, bater, pôr guarda, porque no dia seguinte está todo mundo ali, está demorando mais um pouco", declarou a prefeita.
Ela disse concordar com as críticas que vêm recebendo. "A crítica procede. Nós não mexemos ainda na questão dos ambulantes."
O projeto deve ser feito pela SIS e pela Secretaria do Planejamento Urbano. Chinaglia disse que a prefeitura procura alternativas, como shoppings populares, que podem ser instalados próximos aos largos de Pinheiros e 13 de Maio, em Santo Amaro, mas não detalhou o plano.
"Não vai ter (vaga) para todo mundo. Esse é o problema. Precisamos também incentivar a criação de empregos", disse.
Em visita à Administração Regional de Pinheiros ontem, Marta disse que lá ainda há corrupção. A chamada máfia dos fiscais foi descoberta após flagrante de propina cobrada por funcionários de Pinheiros, em 1998.
"É como uma ferida infectada que a gente vai apertando para limpar o pus", disse a prefeita, que anunciou a colocação em disponibilidade de um funcionário -cujo nome não foi revelado- por suspeitas de corrupção.
"O problema é que as pessoas denunciam, mas se negam a ajudar a prefeitura a fazer um flagrante", afirmou. "Não tolere extorsão. Denuncie. Com o flagrante, podemos tirar essas pessoas do serviço público."
Com o Secretário do Abastecimento, Jilmar Tatto, a prefeita anunciou uma redução de R$ 0,99 para R$ 0,84 do quilo de legumes, frutas e verduras vendidos nos 28 sacolões da cidade.
Segundo ela, levantamento da secretaria constatou que, nos últimos cinco anos, houve superfaturamento nos preços dos sacolões, que chegaram a cobrar até 55% acima do valor do Ceagesp. O limite seria 20% acima. A diferença acumulada seria de R$ 24,7 milhões. O estudo será encaminhado ao Ministério Público.
O secretário de Comunicação na gestão Pitta, Antenor Braido, disse que os preços eram acompanhados mensalmente e aplicado o limite de 20%. O assessor de imprensa de Paulo Maluf, Adílson Laranjeira, afirmou que "os preços na gestão Maluf eram corretos e não houve absolutamente nenhum superfaturamento".


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