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DROGAS
Beira-Mar pode estar encenando morte, diz PF
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
Autoridades colombianas e brasileiras não descartam que o traficante Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, tenha
"plantado" a notícia de que foi ferido em tiroteio e estaria entre a
vida e a morte na selva colombiana. Segundo oficiais do Exército
colombiano e os adidos da Polícia
Federal na Embaixada do Brasil
na Colômbia, Beira-Mar poderia
se movimentar mais livremente
se convencesse as autoridades policiais de sua morte.
"Pelas informações que recebemos, tenho quase 100% de certeza
de que ele foi baleado, mas não
descarto a possibilidade de Beira-Mar estar preparando a encenação de sua morte. Por isso, temos
que ser prudentes", disse o adido
da PF na Colômbia, César Nunes.
Em Brasília, a assessoria de comunicação da PF chegou a confirmar de manhã a informação de
que Beira-Mar estaria ferido, divulgada na véspera por jornais
colombianos, mas mudou de posição antes do meio-dia.
"Não é a primeira vez que surgem boatos nesse sentido. Seria
prematuro "embarcar" sem a confirmação oficial das autoridades
colombianas", afirmou a assessora de comunicação da PF, Viviane
da Rosa.
O porta-voz do Exército colombiano, capitão Fernando Avila,
também foi prudente ao ser perguntado se confirmava a informação de que Beira-Mar saiu ferido de um tiroteio com o Exército.
"Temos que ser prudentes, pois
Fernandinho, com os peruanos, é
o principal fornecedor de armas
às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e está
muito interessado em se fingir de
morto", afirmou.
A informação de que Beira-Mar
estaria ferido foi obtida pelo Exército colombiano de um médico
preso durante uma operação antiguerrilha perto da fronteira com o
Brasil. Segundo Avila, o tiroteio
em que o traficante teria sido atingido aconteceu no último dia 6,
na região de Barrancomina.
"Ele (o médico) afirmou que
atendeu Beira-Mar ferido gravemente por tiros no peito, no ombro e no braço esquerdo".
Na região de Barrancomina, o
Exército colombiano lançou em
fevereiro a operação Gato Negro,
destinada a capturar o guerrilheiro Tomás Medina Caracas, o Negro Acacio. As autoridades colombianas acreditam que desde o
ano passado Beira-Mar está sob a
proteção do rebelde, a quem forneceria armas em troca de drogas.
"Quando estávamos destruindo
um segundo laboratório, encontramos seis homens da seguranças de Negro Acacio, que estava
por lá acompanhado de seu protegido Beira-Mar. Os seguranças
morreram, mas os dois escaparam", disse o capitão Avila.
O porta-voz confirmou que Jacqueline Alcântara de Moraes, suposta namorada de Beira-Mar,
chegou a ser detida com os dois filhos em 13 de fevereiro, mas foi liberada porque estava com a documentação correta e o Exército
ainda não havia recebido o pedido de sua prisão. Na imprensa colombiana, Beira-Mar já é chamado de "Pablo Escobar brasileiro".
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