São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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DROGAS

Beira-Mar pode estar encenando morte, diz PF

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

Autoridades colombianas e brasileiras não descartam que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, tenha "plantado" a notícia de que foi ferido em tiroteio e estaria entre a vida e a morte na selva colombiana. Segundo oficiais do Exército colombiano e os adidos da Polícia Federal na Embaixada do Brasil na Colômbia, Beira-Mar poderia se movimentar mais livremente se convencesse as autoridades policiais de sua morte.
"Pelas informações que recebemos, tenho quase 100% de certeza de que ele foi baleado, mas não descarto a possibilidade de Beira-Mar estar preparando a encenação de sua morte. Por isso, temos que ser prudentes", disse o adido da PF na Colômbia, César Nunes.
Em Brasília, a assessoria de comunicação da PF chegou a confirmar de manhã a informação de que Beira-Mar estaria ferido, divulgada na véspera por jornais colombianos, mas mudou de posição antes do meio-dia.
"Não é a primeira vez que surgem boatos nesse sentido. Seria prematuro "embarcar" sem a confirmação oficial das autoridades colombianas", afirmou a assessora de comunicação da PF, Viviane da Rosa.
O porta-voz do Exército colombiano, capitão Fernando Avila, também foi prudente ao ser perguntado se confirmava a informação de que Beira-Mar saiu ferido de um tiroteio com o Exército.
"Temos que ser prudentes, pois Fernandinho, com os peruanos, é o principal fornecedor de armas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e está muito interessado em se fingir de morto", afirmou.
A informação de que Beira-Mar estaria ferido foi obtida pelo Exército colombiano de um médico preso durante uma operação antiguerrilha perto da fronteira com o Brasil. Segundo Avila, o tiroteio em que o traficante teria sido atingido aconteceu no último dia 6, na região de Barrancomina.
"Ele (o médico) afirmou que atendeu Beira-Mar ferido gravemente por tiros no peito, no ombro e no braço esquerdo".
Na região de Barrancomina, o Exército colombiano lançou em fevereiro a operação Gato Negro, destinada a capturar o guerrilheiro Tomás Medina Caracas, o Negro Acacio. As autoridades colombianas acreditam que desde o ano passado Beira-Mar está sob a proteção do rebelde, a quem forneceria armas em troca de drogas.
"Quando estávamos destruindo um segundo laboratório, encontramos seis homens da seguranças de Negro Acacio, que estava por lá acompanhado de seu protegido Beira-Mar. Os seguranças morreram, mas os dois escaparam", disse o capitão Avila.
O porta-voz confirmou que Jacqueline Alcântara de Moraes, suposta namorada de Beira-Mar, chegou a ser detida com os dois filhos em 13 de fevereiro, mas foi liberada porque estava com a documentação correta e o Exército ainda não havia recebido o pedido de sua prisão. Na imprensa colombiana, Beira-Mar já é chamado de "Pablo Escobar brasileiro".



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