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TRATAMENTO
Choques causados pelo dispositivo instalado no lado esquerdo do peito diminuem o número e a intensidade das crises
Marca-passo é esperança para doentes de epilepsia
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um pequeno dispositivo marca-passo, instalado no lado esquerdo do peito e ligado por fios a
um dos nervos próximos da carótida, é a nova esperança para
doentes graves de epilepsia.
Em cirurgia de 90 minutos, os
médicos instalam a bateria marca-passo sob a pele e ligam os fios
ao nervo vago esquerdo, na altura
do pescoço. Pequenos choques
provocados pela bateria vão ativar o nervo que levará os estímulos ao cérebro. Por razões só parcialmente conhecidas, os choques
diminuem o número e a intensidade das crises epilépticas.
Na semana passada, dois pacientes receberam o implante no
Hospital Brigadeiro, em São Paulo. Nos Estados Unidos e na Europa, já há centenas de pessoas implantadas.
Pelo menos três brasileiros já se
submeteram a esse procedimento
lá fora. No serviço público, no
Brasil, os dois pacientes operados
nesta semana foram os primeiros.
O implante custa cerca de US$
20 mil. Tão boa quanto a notícia
do implante é a garantia de que o
SUS pagará por ele. Arthur Cukiert, chefe da equipe de neurocirurgia do Hospital Brigadeiro e
que dirigiu as duas operações da
última quarta-feira, espera fazer
de 10 a 20 implantes neste primeiro ano. Alguns planos de saúde
também deverão arcar com esse
tipo de tratamento.
O Brigadeiro é um dos maiores
centros de tratamento de epilepsia do país, operando pelo menos
dez pacientes por mês.
Auxiliar no tratamento
Cerca de 2% da população sofre
de epilepsia, número que no Brasil é estimado em 3 milhões de
pessoas. Felizmente, 80% dos pacientes são curados com medicação adequada. Outros 16% passam por cirurgia e também se livram das crises. Para os restantes
4% -cerca de 120 mil brasileiros- não havia outras soluções.
Mas mesmo o implante é só um
auxiliar no tratamento e não beneficia a todos.
De acordo com Cukiert, uma
metade dos pacientes vai ter uma
redução significativa no número e
na intensidade da crise. Os outros
podem ter algum benefício, mas
não se livrarão da doença.
Eliana Garzon, neurologista do
Centro de Epilepsia do Hospital
Osvaldo Cruz, diz que alguns médicos consideram que o "estimulador vagal", como é chamado, teria apenas um efeito placebo. Ou
seja, o paciente acredita que ele
funciona e com isso tem suas crises reduzidas.
Segundo Cukiert, a epilepsia é
um conjunto de sinais e sintomas
caracterizados por episódios recorrentes devido a uma descarga
excessiva de neurônios em alguma região do cérebro.
As curas mais difíceis são quando todo o cérebro está afetado ou
quando não se sabe conhece exatamente a região afetada.
As causas da doença vão desde
hereditariedade até traumatismos, derrames e infecções. Em
parte dos casos, a causa não chega
a ser identificada.
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