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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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OPERAÇÃO SUCURI

Pelo menos 2 dos 22 agentes presos já haviam sido afastados da PF

Agentes da PF são acusados pela 2ª vez

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 2 dos 22 policiais federais presos anteontem na Operação Sucuri, acusados de corrupção na fronteira do Brasil com o Paraguai em Foz do Iguaçu, já haviam sido afastados do órgão pelo mesmo tipo de delito. Jorge Luiz Travassos e Julio Cesar Vieira Pereira foram reconduzidos às funções por decisão judicial após serem afastados por corrupção.
Segundo dados da Corregedoria da PF, em 4 de julho de 1983, Travassos foi demitido "a bem do serviço público" pela Presidência da República. Em 1994, acórdão do Tribunal Regional Federal (4ª Região) o reconduziu ao cargo.
Travassos havia respondido a sindicância em 1975, quando trabalhava na Superintendência da PF em Rondônia, mas nada foi provado contra ele. No ano seguinte, o diretor-geral da PF impôs suspensão de 60 dias ao agente, mas a pena foi convertida em multa. Em 1977, o mesmo ocorreu após suspensão de dois dias. Já em Minas Gerais, em 1978, Travassos respondeu a uma nova sindicância sobre o envolvimento dele em uma infração de trânsito.
Em 1982, no Paraná, Travassos, Pereira e outros policiais foram suspeitos de irregularidades. Essa investigação concluiu que ambos deveriam ser afastados e, posteriormente, demitidos em 1983.
A Folha não conseguiu contato com os advogados dos dois policiais federais presos.
A Operação Sucuri, realizada anteontem pela PF, identificou 22 agentes do órgão, quatro servidores da Receita Federal e dois policiais rodoviários federais envolvidos em um esquema de facilitação na travessia de automóveis na fronteira Brasil-Paraguai. Além deles, outras nove pessoas foram presas como atravessadores.
A PF não tem como evitar a reintegração por ordem judicial. Seu diretor-geral, delegado Paulo Lacerda, informou, por meio de sua assessoria, que conta com a ajuda da opinião pública para frear esse tipo de processo.
Ontem, Lacerda determinou a suspensão por 60 dias do delegado Vicente Chelloti, que, em agosto passado, teria enviado a uma empresa de segurança particular um lote de armas de uso exclusivo da Academia Nacional de Polícia.
Lacerda também deu início a um procedimento administrativo que pode resultar na expulsão de dois delegados, seis agentes, um escrivão e um agente administrativo envolvidos na morte de um detento na carceragem da PF no Rio de Janeiro, no ano passado.


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