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ROTA DE FUGA
Segundo o cônsul libanês, Rana Koleilat deu golpe de US$ 1,2 bilhão para financiar atentado contra premiê
Presa em SP libanesa suspeita de terrorismo
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusada no Líbano de ter dado
um golpe bancário de US$ 1,2 bilhão -um dos maiores da história daquele país- e de envolvimento com o atentado que matou
o premiê libanês Rafik Hariri, a
economista libanesa Rana Abdel
Rahim Koleilat, 39, foi presa pela
Polícia Civil anteontem à tarde,
no Parthenon Hotel de Santana,
na zona norte de São Paulo.
Ela acabou presa, segundo o delegado Nicanor Nogueira Branco,
por ter oferecido US$ 200 mil a
dois policiais civis que a procuravam desde sexta-feira. "Quando
nossos policiais chegaram para
abordá-la, essa moça falou que tinha dinheiro, dólares, e que queria ir embora. Ela disse: "Tenho
US$ 50 mil, US$ 100 mil, US$ 200
mil, quero ir embora. É só ligar
para um amigo", disse Branco.
Até então, a polícia tinha um
despacho da Interpol com um pedido de localização da economista, mas não tinha uma ordem de
prisão contra ela.
O Cônsul-Geral do Líbano em
São Paulo, Joseph Sayah, disse à
polícia que Rana trabalhava no
Bank al-Madinah e, com outras
sete pessoas, desviou o dinheiro
para financiar o atentado a bomba que, em fevereiro de 2005, matou Rafik Hariri. A economista
chegou a ficar presa por 14 meses
acusada pelo golpe. Foi solta, mas
deveria permanecer no Líbano.
Na tarde de ontem, após a Polícia Civil confirmar a prisão de Rana, o delegado Moacir Moliterno
Dias, da Interpol (polícia internacional), informou que ela é uma
das pessoas que circulam pelo
mundo na categoria "Difusão
Vermelha" -classificação dada
aos suspeitos de terrorismo. Ontem, a Interpol fez um pedido de
prisão provisória dela.
O cônsul Sayah disse ainda existir uma resolução do Conselho de
Segurança das Nações Unidas , de
abril de 2005, alertando sobre a
importância da prisão de Rana
para as investigações sobre o
atentado contra Hariri.
Antes de vir para o Brasil, Rana,
segundo consta em seu passaporte, teria passado pela China, Turquia, República Tcheca, Iraque,
França e pelo Reino Unido, onde
ela disse ter residência fixa.
A polícia chegou a Rana após
receber informações de um denunciante anônimo que, segundo
a polícia, falava com forte sotaque. Nas ligações, ele deu detalhes
sobre o paradeiro dela.
"Num primeiro momento, até
desconfiamos da veracidade das
denúncias. Era tudo muito certinho, muito preciso, bem detalhado. Nem fomos para cima logo, só
quando recebemos pelo Correio
uma cópia do despacho da Interpol sobre o pedido de localização
é que resolvemos agir", revelou o
delegado Murilo Fonseca Roque.
Passaporte falso
No momento da prisão, a economista portava um passaporte
da Irlanda do Norte em nome de
Rana Klailat. Levantamento preliminar junto às autoridades britânicas no Brasil e no Líbano apontou que o documento é falso, pois
o número dele corresponde a um
emitido para um homem.
Os policiais também apreenderam o telefone celular de Rana,
além de R$ 14.600. O objetivo é
rastrear suas ligações.
Como foi enquadrada no crime
de corrupção ativa, caso seja condenada, Rana poderá cumprir pena de prisão que varia de um a oito anos. Até a conclusão desta edição, as autoridades paulistas ainda não sabiam onde ela ficará presa. A hipótese mais provável é a de
que ela fique sob custódia da Polícia Federal, na Lapa (zona oeste).
Na delegacia, já quando era interrogada, Rana disse não entender o que era perguntado pelos
policiais. Por conta disso, Muhamed Suaid, um comerciante que
vive no bairro do Itaim Paulista
(zona leste de São Paulo), foi chamado pelos investigadores para
ajudar a fazer a tradução.
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