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VIOLÊNCIA SEXUAL
Jovem de 22 anos diz ter sido atacada no conjunto poliesportivo; amigos criticam atendimento da guarda
Estudante é estuprada em campus da USP
GILMAR PENTEADO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma série de ataques a
mulheres ocorridos em 2002, o
campus da USP (Universidade de
São Paulo) no Butantã, zona oeste
da capital, voltou a registrar o estupro de uma estudante. Uma jovem de 22 anos foi atacada, no último dia 3, uma sexta, enquanto
caminhava à noite pelo campus.
No final de 2002, sete mulheres
foram violentadas dentro do
campus e nas proximidades dos
portões de acesso, de acordo com
os registros policiais.
O novo ataque voltou a amedrontar os estudantes, que cobram medidas de segurança da
reitoria da USP. Amigos da vítima
também criticam o atendimento
dado pelos guardas da universidade, que teriam duvidado do depoimento da estudante.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 93º DP (Jaguaré), a estudante passava pelo Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP), às 22h55 do último
dia 3, quando foi abordada por
um homem negro, de aproximadamente 1,75 metro de altura,
com idade entre 25 e 30 anos. Ele
afirmou que estava armado e a
ameaçou de morte.
O homem forçou a vítima a pular uma cerca do próprio Cepeusp. A estudante disse à Polícia
Civil que o criminoso ameaçava
matá-la se olhasse para o seu rosto. O homem ainda disse para ela
permanecer deitada por dez minutos para que ele conseguisse fugir. Ninguém foi preso.
A vítima, que morava no Crusp
(Conjunto Residencial da USP),
dentro do próprio campus, pediu
socorro para os guardas da instituição. Amigos dela, porém, dizem que ela foi mal atendida.
"Ela teve de contar para seis seguranças, um de cada vez, o que
tinha ocorrido", disse Thais da
Cunha, 21, diretora da associação
de moradores do Crusp e estudante do curso de ciências sociais.
A vítima estava sem a parte de
cima da roupa e apresentava escoriações pelo corpo. Ela também
foi levada pelos guardas para fazer uma ronda pelo campus para
tentar identificar o suspeito.
"Está todo mundo inseguro.
Ninguém mais anda sozinho
aqui", afirmou Thais. Segundo
ela, depois do estupro, aumentou
o número de seguranças no trecho e o mato das proximidades foi
cortado pela universidade.
Thais disse que, no começo do
ano passado, a associação teve
uma audiência na prefeitura do
campus para reclamar da falta de
segurança no trajeto entre a estação Cidade Universitária de trem
e os prédios do Crusp -foi nesse
trecho que a vítima foi abordada.
"Em 2002, foram três estupros
nesse trecho", diz a diretora da associação dos moradores.
Segundo Laureano Michel Nogueira, também integrante do
Crusp, o trajeto tem três quilômetros. "O caminho é mal iluminado, o mato é alto e há pouca presença da guarda universitária."
A USP, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que foi
aberta uma sindicância para apurar o caso. A instituição não soube
informar o número de guardas no
campus, mas disse que esses funcionários recebem treinamento
regular para lidar com esses episódios.
Sem inquérito
A polícia não abriu inquérito sobre o caso porque a vítima não
voltou ao distrito para assinar
uma representação pedindo a
abertura de uma investigação
-exigência prevista em lei. Não
há pistas sobre o criminoso.
Em 2002, a série de ataques a
mulheres provocou uma mobilização de estudantes. Na época,
uma jovem chegou a ser estuprada em pleno meio-dia, em um estacionamento do campus. Foram
sete vítimas em três meses.
O DCE (Diretório Central de Estudantes) espalhou folhetos e cartazes relatando o problema. A Secretaria da Segurança Pública não
tinha informações ontem sobre a
investigação desses casos.
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