São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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VIOLÊNCIA SEXUAL

Jovem de 22 anos diz ter sido atacada no conjunto poliesportivo; amigos criticam atendimento da guarda

Estudante é estuprada em campus da USP

GILMAR PENTEADO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma série de ataques a mulheres ocorridos em 2002, o campus da USP (Universidade de São Paulo) no Butantã, zona oeste da capital, voltou a registrar o estupro de uma estudante. Uma jovem de 22 anos foi atacada, no último dia 3, uma sexta, enquanto caminhava à noite pelo campus.
No final de 2002, sete mulheres foram violentadas dentro do campus e nas proximidades dos portões de acesso, de acordo com os registros policiais.
O novo ataque voltou a amedrontar os estudantes, que cobram medidas de segurança da reitoria da USP. Amigos da vítima também criticam o atendimento dado pelos guardas da universidade, que teriam duvidado do depoimento da estudante.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 93º DP (Jaguaré), a estudante passava pelo Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP), às 22h55 do último dia 3, quando foi abordada por um homem negro, de aproximadamente 1,75 metro de altura, com idade entre 25 e 30 anos. Ele afirmou que estava armado e a ameaçou de morte.
O homem forçou a vítima a pular uma cerca do próprio Cepeusp. A estudante disse à Polícia Civil que o criminoso ameaçava matá-la se olhasse para o seu rosto. O homem ainda disse para ela permanecer deitada por dez minutos para que ele conseguisse fugir. Ninguém foi preso.
A vítima, que morava no Crusp (Conjunto Residencial da USP), dentro do próprio campus, pediu socorro para os guardas da instituição. Amigos dela, porém, dizem que ela foi mal atendida.
"Ela teve de contar para seis seguranças, um de cada vez, o que tinha ocorrido", disse Thais da Cunha, 21, diretora da associação de moradores do Crusp e estudante do curso de ciências sociais.
A vítima estava sem a parte de cima da roupa e apresentava escoriações pelo corpo. Ela também foi levada pelos guardas para fazer uma ronda pelo campus para tentar identificar o suspeito.
"Está todo mundo inseguro. Ninguém mais anda sozinho aqui", afirmou Thais. Segundo ela, depois do estupro, aumentou o número de seguranças no trecho e o mato das proximidades foi cortado pela universidade.
Thais disse que, no começo do ano passado, a associação teve uma audiência na prefeitura do campus para reclamar da falta de segurança no trajeto entre a estação Cidade Universitária de trem e os prédios do Crusp -foi nesse trecho que a vítima foi abordada. "Em 2002, foram três estupros nesse trecho", diz a diretora da associação dos moradores.
Segundo Laureano Michel Nogueira, também integrante do Crusp, o trajeto tem três quilômetros. "O caminho é mal iluminado, o mato é alto e há pouca presença da guarda universitária."
A USP, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso. A instituição não soube informar o número de guardas no campus, mas disse que esses funcionários recebem treinamento regular para lidar com esses episódios.

Sem inquérito
A polícia não abriu inquérito sobre o caso porque a vítima não voltou ao distrito para assinar uma representação pedindo a abertura de uma investigação -exigência prevista em lei. Não há pistas sobre o criminoso.
Em 2002, a série de ataques a mulheres provocou uma mobilização de estudantes. Na época, uma jovem chegou a ser estuprada em pleno meio-dia, em um estacionamento do campus. Foram sete vítimas em três meses.
O DCE (Diretório Central de Estudantes) espalhou folhetos e cartazes relatando o problema. A Secretaria da Segurança Pública não tinha informações ontem sobre a investigação desses casos.


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