|
Próximo Texto | Índice
Em SP e RJ, alunos morrem na porta da escola
Dois estudantes foram assassinados anteontem à noite; nenhum dos dois jovens tinha registro de passagem pela polícia
Thiago, 18, do Rio, queria
ser jogador de futebol; Adenilton, 19, trabalhava como cozinheiro em
Bauru e estudava à noite
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois estudantes -um no Rio
de Janeiro e outro no interior
de São Paulo- foram assassinados anteontem à noite na
porta de suas escolas.
Thiago Oliveira Paulino tinha 18 anos, queria ser jogador
de futebol e acabara de ser chamado para testes no time de juniores do Madureira, do Rio.
Adenilton da Silva, 19, trabalhava como cozinheiro em Bauru (343 km a noroeste de São
Paulo) e estudava à noite.
Na história dos dois, além de
terem sido brutalmente assassinados, há em comum o fato de
que nenhum deles tinha registro de passagem pela polícia.
Rio
Thiago, o jovem do Rio, foi
mais uma vítima da guerra de
facções criminosas. Morreu
quando quatro homens dispararam a esmo em frente a uma
escola estadual em Bangu (zona norte). Outros oito jovens ficaram feridos no ataque.
Os criminosos saltaram de
um Space Fox às 20h30 e dispararam contra o grupo que estava diante do colégio Abrahão
Jabour no intervalo das aulas.
Minutos antes, homens armados de fuzis rondavam a escola
em provável apoio à ação.
"A vida dele era jogar futebol", conta o pai, o funcionário
público Fernando Paulino, 42.
Thiago também ia ser pai. Seu
filho com a namorada de 15
anos tem nascimento previsto
para abril. O nome escolhido é
Gabriel, mas pode virar Thiago
Gabriel em homenagem ao pai.
Ontem, o muro da escola exibia as marcas dos tiros de fuzis
7.62 e escopeta calibre 12.
Os tiros atingiram o tórax e o
abdômen de Thiago, que morreu no hospital. Diego Brito, 18,
Estevão Barbosa dos Santos, 18,
e Leonardo Alves, 23, também
baleados no tórax e no abdômen, estavam em estado grave
até a conclusão desta edição.
Eles também não tinham
passagem pela polícia. Apenas
Thiago era aluno da escola.
"Eles atiraram para todos os
lados. Diego ainda correu tentando fugir depois de levar o tiro e caiu dez metros depois. Eu
ganhei [corri em direção] o muro e fugi", contou um jovem.
Segundo a polícia, o atentado
seria uma represália de traficantes expulsos da favela do Sapo após a morte do traficante
José Renato da Silva Ferreira, o
Batata, da ADA (Amigo dos
Amigos), em 2006. A favela foi
tomada pela facção rival TCP
(Terceiro Comando Puro).
Bauru
O menino de Bauru, aluno da
escola estadual Luiz Zuiani, foi
baleado nas imediações do colégio, quando chegava para assistir a uma aula do supletivo.
Silva recebeu um tiro no tórax. Ferido, ainda caminhou
até o portão da escola, onde
caiu e foi socorrido por policiais
militares. Levado a um pronto-socorro, morreu no caminho.
Ao menos duas testemunhas
presenciaram o assassinato, informou a polícia. Uma delas
passou mal ao ver o crime e foi
internada. À polícia, testemunhas disseram que houve uma
discussão entre o rapaz e um
homem, que disparou e fugiu.
Um suspeito foi detido. Sua
identidade não foi revelada. A
polícia não descarta a hipótese
de haver mais um homem envolvido no assassinato.
Colaborou MARIO HUGO MONKEN, da Sucursal
do Rio
Próximo Texto: "A vida dele era jogar futebol", diz pai de Thiago Índice
|