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Irmã de jogador do Milan é libertada após 160 dias
Ligação anônima indicou cativeiro de Maria de Lourdes, irmã de Ricardo Oliveira
Ela foi achada em um apartamento da CDHU e disse que foi agredida pelos seqüestradores; polícia divulgou 2 retratos falados
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A irmã mais velha do jogador
do Milan Ricardo Oliveira, Maria de Lourdes Silva de Oliveira,
36, foi libertada ontem em São
Paulo pela polícia após permanecer 160 dias seqüestrada. Foi
o seqüestro mais longo já registrado no Estado. No país, o caso
mais longo aconteceu no Rio,
com 191 dias de duração.
Maria de Lourdes foi encontrada à 1h14, sozinha dentro de
um quarto em precárias condições de higiene no conjunto da
CDHU (Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Parque São Rafael, zona leste de São Paulo. Foi uma
ligação anônima ao disque-denúncia (181) que alertou a polícia sobre o cativeiro.
Debilitada fisicamente -ela
emagreceu mais de 20 kg e estava com pressão alta-, Maria
de Lourdes contou aos policiais
que foi agredida pelos seqüestradores, descontentes com o
ritmo das negociações sobre o
resgate -inicialmente, haviam
exigido US$ 2 milhões (mais de
R$ 4 milhões) para libertá-la.
"Foi um inferno. Passei fome. Me bateram muito também", disse ela ao sair, por volta
das 4h, do hospital, em entrevista divulgada pela TV Globo.
Ela também teria sido ameaçada de morte, segundo o delegado Luiz Carlos do Carmo, titular da 8ª delegacia seccional.
Segundo a polícia, não havia
ninguém tomando conta do cativeiro, no apartamento 32,
bloco B, número 813 da estrada
da Servidão Um.
No local foram encontrados
documentos de oito prováveis
suspeitos. À noite, a polícia divulgou dois retratos falados.
Até a conclusão desta edição
ninguém havia sido preso.
Maria de Lourdes foi seqüestrada no dia 4 de outubro. Dois
homens armados invadiram a
casa que ela ganhou do irmão
Ricardo Oliveira, na Casa Verde (zona norte).
Foi o oitavo seqüestro envolvendo parentes de jogadores de
futebol no Brasil.
O atacante Ricardo Oliveira
disse ontem, em entrevista ao
canal e ao site oficial do Milan,
seu clube na Itália, estar aliviado com o fim do seqüestro da
irmã. ""Não sabia se minha irmã
estava viva. Agora, posso pensar apenas em jogar futebol."
A Folha tentou contato com
ele por meio de seu agente, mas
não houve resposta.
O delegado Wagner Giudice,
da DAS, afirmou que os seqüestradores de Maria de Lourdes
demonstraram inexperiência.
"Os contatos com os parentes
da vítima foram muito curtos e
confusos. Eles nem ouviram as
ofertas", disse.
Essa conduta levou a polícia
a considerar a hipótese de o crime ser um ato de vingança, segundo Giudice.
Folha não divulgou
A Folha acompanhou o andamento do seqüestro de Maria de Lourdes, mas não o divulgou a pedido da família.
Segundo o "Manual da Redação" do jornal, "em regra, a Folha publica tudo o que sabe.
Mas pode decidir omitir informação cuja divulgação coloque
em risco a segurança pública,
de pessoa ou de empresa".
A Folha só divulga seqüestro
em andamento se houver consentimento da família.
Colaboraram RODRIGO BUENO, da Reportagem
Local, e o "Agora"
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