São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Irmã de jogador do Milan é libertada após 160 dias

Ligação anônima indicou cativeiro de Maria de Lourdes, irmã de Ricardo Oliveira

Ela foi achada em um apartamento da CDHU e disse que foi agredida pelos seqüestradores; polícia divulgou 2 retratos falados

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A irmã mais velha do jogador do Milan Ricardo Oliveira, Maria de Lourdes Silva de Oliveira, 36, foi libertada ontem em São Paulo pela polícia após permanecer 160 dias seqüestrada. Foi o seqüestro mais longo já registrado no Estado. No país, o caso mais longo aconteceu no Rio, com 191 dias de duração. Maria de Lourdes foi encontrada à 1h14, sozinha dentro de um quarto em precárias condições de higiene no conjunto da CDHU (Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Parque São Rafael, zona leste de São Paulo. Foi uma ligação anônima ao disque-denúncia (181) que alertou a polícia sobre o cativeiro.
Debilitada fisicamente -ela emagreceu mais de 20 kg e estava com pressão alta-, Maria de Lourdes contou aos policiais que foi agredida pelos seqüestradores, descontentes com o ritmo das negociações sobre o resgate -inicialmente, haviam exigido US$ 2 milhões (mais de R$ 4 milhões) para libertá-la. "Foi um inferno. Passei fome. Me bateram muito também", disse ela ao sair, por volta das 4h, do hospital, em entrevista divulgada pela TV Globo. Ela também teria sido ameaçada de morte, segundo o delegado Luiz Carlos do Carmo, titular da 8ª delegacia seccional.
Segundo a polícia, não havia ninguém tomando conta do cativeiro, no apartamento 32, bloco B, número 813 da estrada da Servidão Um. No local foram encontrados documentos de oito prováveis suspeitos. À noite, a polícia divulgou dois retratos falados. Até a conclusão desta edição ninguém havia sido preso.
Maria de Lourdes foi seqüestrada no dia 4 de outubro. Dois homens armados invadiram a casa que ela ganhou do irmão Ricardo Oliveira, na Casa Verde (zona norte). Foi o oitavo seqüestro envolvendo parentes de jogadores de futebol no Brasil. O atacante Ricardo Oliveira disse ontem, em entrevista ao canal e ao site oficial do Milan, seu clube na Itália, estar aliviado com o fim do seqüestro da irmã. ""Não sabia se minha irmã estava viva. Agora, posso pensar apenas em jogar futebol."
A Folha tentou contato com ele por meio de seu agente, mas não houve resposta. O delegado Wagner Giudice, da DAS, afirmou que os seqüestradores de Maria de Lourdes demonstraram inexperiência. "Os contatos com os parentes da vítima foram muito curtos e confusos. Eles nem ouviram as ofertas", disse. Essa conduta levou a polícia a considerar a hipótese de o crime ser um ato de vingança, segundo Giudice.

Folha não divulgou
A Folha acompanhou o andamento do seqüestro de Maria de Lourdes, mas não o divulgou a pedido da família. Segundo o "Manual da Redação" do jornal, "em regra, a Folha publica tudo o que sabe. Mas pode decidir omitir informação cuja divulgação coloque em risco a segurança pública, de pessoa ou de empresa". A Folha só divulga seqüestro em andamento se houver consentimento da família.


Colaboraram RODRIGO BUENO, da Reportagem Local, e o "Agora"


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