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Média de habitantes por veículo é ainda menor nos EUA e Japão
DA REPORTAGEM LOCAL
A média paulista de 2,67 habitantes por veículo ainda não
está no patamar da registrada
em alguns dos principais países
desenvolvidos, onde ela é, em
geral, inferior a 2 -de 1,3 nos
EUA, 1,7 no Japão, Alemanha e
França e 1,8 no Reino Unido.
Essas estatísticas internacionais, fornecidas pela Anfavea
(associação das montadoras),
são de 2003 e tiveram variações
pequenas desde a última década. Ou seja, é uma situação praticamente estabilizada.
Jaime Waisman, professor
da USP (Universidade de São
Paulo), diz que a motorização
no Brasil foi "tardia", até mesmo pelas condições econômicas da população, e que há uma
tendência de expansão principalmente nos municípios do
interior e nas classes mais baixas de renda. "Existe uma demanda reprimida", afirma.
"O automóvel é status. Todas
as classes vão se esforçar para
ter algum, ainda que com financiamentos de longuíssimo prazo", diz Francisco Christovam,
do Instituto de Engenharia.
O avanço da motorização no
Brasil é visto como algo inevitável por especialistas ouvidos
pela Folha. Na cidade de São
Paulo, as viagens por transporte individual já são maioria,
mas na média brasileira elas
ainda beiram 20% do total.
O problema maior para a sociedade, dizem os técnicos, não
é a posse do auto pela população, mas seu uso irracional.
"A taxa de motorização na
Europa é alta, mas há um bom
transporte coletivo e as viagens
não são feitas da mesma forma.
Não sou contra que cada um
possa ter um carro. O problema
é querer usá-lo todos os dias e
nas viagens mais primitivas,
até para ir à padaria da esquina.
É um vício", afirma Cristina
Baddini, da comissão de trânsito da ANTP (Associação Nacional de Transporte Públicos).
"O fato de ter não é ruim por
si só. Uma restrição bem aplicada poderia ajudar a reeducar
os motoristas", defende Waisman, em relação à tendência de
medidas limitadoras do uso do
carro, como pedágio urbano.
Francisco Christovam ressalta ainda a necessidade de
restrição à circulação de veículos irregulares e em mau estado. Em São Paulo, um terço da
frota roda sem pagar IPVA
nem licenciamento, acumulando multas sem serem barrados.
Nos EUA, apesar da alta taxa
de veículos por habitante, os
investimentos em infra-estrutura viária são um dos motivos
para atenuar os congestionamentos. Essa opção, no entanto, é rejeitada pela maioria dos
especialistas do mundo por requerer gastos públicos maiores
e pelo fato de os prejuízos com
a utilização do automóvel não
se restringirem à lentidão do
trânsito mas também à poluição e aos acidentes viários.
(AI)
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