São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Média de habitantes por veículo é ainda menor nos EUA e Japão

DA REPORTAGEM LOCAL

A média paulista de 2,67 habitantes por veículo ainda não está no patamar da registrada em alguns dos principais países desenvolvidos, onde ela é, em geral, inferior a 2 -de 1,3 nos EUA, 1,7 no Japão, Alemanha e França e 1,8 no Reino Unido.
Essas estatísticas internacionais, fornecidas pela Anfavea (associação das montadoras), são de 2003 e tiveram variações pequenas desde a última década. Ou seja, é uma situação praticamente estabilizada.
Jaime Waisman, professor da USP (Universidade de São Paulo), diz que a motorização no Brasil foi "tardia", até mesmo pelas condições econômicas da população, e que há uma tendência de expansão principalmente nos municípios do interior e nas classes mais baixas de renda. "Existe uma demanda reprimida", afirma.
"O automóvel é status. Todas as classes vão se esforçar para ter algum, ainda que com financiamentos de longuíssimo prazo", diz Francisco Christovam, do Instituto de Engenharia.
O avanço da motorização no Brasil é visto como algo inevitável por especialistas ouvidos pela Folha. Na cidade de São Paulo, as viagens por transporte individual já são maioria, mas na média brasileira elas ainda beiram 20% do total.
O problema maior para a sociedade, dizem os técnicos, não é a posse do auto pela população, mas seu uso irracional.
"A taxa de motorização na Europa é alta, mas há um bom transporte coletivo e as viagens não são feitas da mesma forma. Não sou contra que cada um possa ter um carro. O problema é querer usá-lo todos os dias e nas viagens mais primitivas, até para ir à padaria da esquina. É um vício", afirma Cristina Baddini, da comissão de trânsito da ANTP (Associação Nacional de Transporte Públicos).
"O fato de ter não é ruim por si só. Uma restrição bem aplicada poderia ajudar a reeducar os motoristas", defende Waisman, em relação à tendência de medidas limitadoras do uso do carro, como pedágio urbano.
Francisco Christovam ressalta ainda a necessidade de restrição à circulação de veículos irregulares e em mau estado. Em São Paulo, um terço da frota roda sem pagar IPVA nem licenciamento, acumulando multas sem serem barrados.
Nos EUA, apesar da alta taxa de veículos por habitante, os investimentos em infra-estrutura viária são um dos motivos para atenuar os congestionamentos. Essa opção, no entanto, é rejeitada pela maioria dos especialistas do mundo por requerer gastos públicos maiores e pelo fato de os prejuízos com a utilização do automóvel não se restringirem à lentidão do trânsito mas também à poluição e aos acidentes viários. (AI)


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