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SP tem 1 semáforo quebrado
a cada km
Em 163 km, a Folha achou 158 cruzamentos e pontos de travessia onde os aparelhos estavam total ou parcialmente quebrados
De 45 casos informados à CET, só 8 foram consertados no prazo estipulado pela própria empresa municipal para a realização do serviço
RICARDO SANGIOVANNI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O motorista que circula em
São Paulo chega a encontrar
um semáforo com defeito a cada quilômetro rodado.
Em 163 km percorridos de
carro aleatoriamente em oito
horas nesta semana, a Folha
viu 158 cruzamentos e pontos
de travessia onde os semáforos
tinham ao menos uma lâmpada apagada ou estavam completamente sem funcionar.
Média de um a cada três minutos (sem descontar o tempo
perdido em engarrafamentos).
Dos 158 casos, cinco eram
em cruzamentos onde nenhum
semáforo funcionava. Os demais apresentavam defeito em
pelo menos uma lâmpada.
A Folha informou um terço
deles à CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) pelo
telefone de emergência 1188 e
verificou que a empresa não
conseguiu cumprir suas próprias metas de tempo de conserto. O previsto são até quatro
horas para casos emergenciais
(totalmente apagados) e 72 horas para os não emergenciais
(defeito em alguma lâmpada).
Mas, de 45 casos informados
na segunda e na terça-feira,
apenas oito estavam consertados na quinta e ontem. Um cruzamento totalmente apagado
na avenida Amaral Gurgel, no
fim da manhã de terça, não havia sido consertado até as 18h
do mesmo dia -agentes da
CET levaram cerca de 20 minutos para chegar ao local, segundo comerciantes da região,
onde passaram toda a tarde.
Na avenida Celso Garcia (zona leste), a reportagem encontrou na terça-feira pela manhã
13 semáforos com ao menos
uma lâmpada apagada. Ao retornar à avenida ontem, os
mesmos 13 ainda estavam sem
conserto e, de quebra, outros
cinco tinham o mesmo defeito.
Na região das ruas Nhambiquaras e Maracatins, em Moema (zona sul), foram vistos 22
semáforos com defeito. O equivalente a um para cada uma das
22 ruas visitadas na região.
A CET diz que o serviço de
manutenção terceirizada foi
normalizado na segunda-feira
de Carnaval, após a cidade ter
ficado sem contrato por três
semanas entre janeiro e fevereiro. A companhia diz, porém,
que toda a demanda de reparos
só será plenamente atendida
no final deste mês.
Segundo o consultor Horácio
Augusto Figueira, a existência
de dois ou mais aparelhos no
mesmo cruzamento não é por
"capricho" ou "enfeite". Dependendo do lugar e da condição de tráfego (por exemplo,
quando há um caminhão ou
ônibus na frente do carro), não
é possível ver um dos sinais.
O analista de sistemas Josias
Machado, 37, conta ter "quase
batido" anteontem na avenida
Pedroso de Morais (zona oeste), na altura da av. Faria Lima.
"O [semáforo] de cima estava
apagado e não vi que o lateral
estava vermelho. Quase bato o
carro, parei em cima da faixa."
Apagão
Dono de um bar na esquina
da av. Amaral Gurgel com a rua
General Jardim, Antonio Fernandes, 42, assistiu de camarote ao "apagão" dos quatro semáforos do cruzamento na terça-feira. Em cerca de 20 minutos, antes da chegada dos agentes da CET, ele contou ter visto "seis ou sete freadas bruscas".
"Foi um buzinaço, quase sai batida. Quem vinha de lá [General
Jardim] tinha que esperar mais
de cinco minutos para passar."
Na quarta, em frente ao hospital do Campo Limpo (zona
sul), dois dos três semáforos
para pedestres não funcionavam. No local há um ponto de
ônibus e, do outro lado da rua,
uma escola. Anteontem à tarde,
Joelma dos Santos, 26, esperava para atravessar a rua com a
filha de sete meses no colo.
Os carros só paravam quando
os pedestres (muitos deles idosos) se avolumavam e invadiam
a pista, parando os veículos
com acenos. "Aqui tem sempre
esse problema" disse Joelma,
antes de correr para cruzar a
via. Eram 13h25 e o semáforo
estava apagado desde a manhã,
segundo comerciantes do local.
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