São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Pôquer cresce, ganha a classe média e atrai celebridades

No Brasil, há cada vez mais pessoas organizando campeonatos particulares

No grêmio da Poli-USP, por exemplo, universitários só jogam pôquer; especialistas lembram que o jogo expõe os participantes ao risco do vício


UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS

Esqueça os salões esfumaçados, os caubóis armados e as garrafas de uísque em cima da mesa. Espécie de coqueluche das classes médias e altas, o pôquer saiu do faroeste para conquistar adeptos de todas as idades no mundo inteiro. Tornou-se objeto de luxo e glamour. Atrai anônimos e famosos. E não para de crescer.
No Brasil, há cada vez mais pessoas organizando campeonatos particulares de pôquer. Sim, campeonatos. Não se trata de uma simples reunião para jogar uma partida eventual. São torneios anuais, disputados em jogos semanais, com regulamento próprio e ranking.
O pôquer também se dissemina no ambiente acadêmico. Quem for ao grêmio estudantil da Escola Politécnica da USP, por exemplo, não verá mais os tradicionais jogos de truco entre os universitários. Desde 2008 o baralho é aberto -todos os dias- apenas para o pôquer.
Especialistas lembram, contudo, que o pôquer expõe os participantes ao risco do vício (veja texto abaixo).
Muitas celebridades também entraram na onda, mas a combinação da velha imagem do pôquer com a associação do jogo ao vício faz com que algumas ainda hesitem ao falar do tema.
Juliana Paes, em entrevista a Amaury Jr., da Rede TV!, admitiu que adora jogar pôquer com os amigos em sua casa. Logo após a "confissão", porém, a atriz emendou: "Ai, meu Deus, será que eu devia falar isso?".

Pôquer boom
A origem do pôquer é controversa, mas ninguém discute que 2003 marca o boom do jogo na atualidade. Nesse ano, Chris Moneymaker (nome real), um jogador não profissional e desconhecido, venceu a World Series of Poker, em Las Vegas.
Ele foi o primeiro a conquistar o título mundial após ter se classificado num satélite on-line (torneio cujo prêmio é a inscrição para um campeonato mais caro). Gastou US$ 40 na internet e levou US$ 2,5 milhões quando ganhou a WSOP.
A explosão foi imediata. Criada em 1970, a WSOP reuniu seis jogadores em sua primeira edição. Em 2003, eram 839. No ano seguinte, logo após o "efeito Moneymaker", participaram 2.576 jogadores. O ano passado reuniu 6.494 pessoas.
A ESPN seguiu o crescimento do pôquer. Incrementou a transmissão da WSOP e ajudou a difundir o jogo. A popularização atingiu o Brasil, inspirando a criação de ligas particulares.
"Com a febre do pôquer na TV, fiquei louco para montar um torneio", diz o engenheiro civil José Allan Levy, 29. "Organizei o primeiro campeonato em 2006. Jogaram 21 pessoas e minha mãe ganhou", conta.
Dona Simone, a mãe, "adora" jogar pôquer e "conta os dias para chegar o domingo", quando recebe os amigos do filho para a jogatina. O apartamento em Higienópolis, dotado de mesa profissional de pôquer, é a sede do LPT (Levy Poker Tour), que existe desde 2008.
Salomon, o pai, não joga pôquer e "não curte muito a invasão", mas aceita. Ao longo de 2009, 85 pessoas "invadiram" sua casa para participar pelo menos uma vez do LPT.


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