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Pôquer cresce, ganha a classe média e atrai celebridades
No Brasil, há cada vez mais pessoas
organizando campeonatos particulares
No grêmio da Poli-USP, por
exemplo, universitários só
jogam pôquer; especialistas
lembram que o jogo expõe os
participantes ao risco do vício
UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS
Esqueça os salões esfumaçados, os caubóis armados e as
garrafas de uísque em cima da
mesa. Espécie de coqueluche
das classes médias e altas, o pôquer saiu do faroeste para conquistar adeptos de todas as idades no mundo inteiro. Tornou-se objeto de luxo e glamour.
Atrai anônimos e famosos. E
não para de crescer.
No Brasil, há cada vez mais
pessoas organizando campeonatos particulares de pôquer.
Sim, campeonatos. Não se trata
de uma simples reunião para
jogar uma partida eventual. São
torneios anuais, disputados em
jogos semanais, com regulamento próprio e ranking.
O pôquer também se dissemina no ambiente acadêmico.
Quem for ao grêmio estudantil
da Escola Politécnica da USP,
por exemplo, não verá mais os
tradicionais jogos de truco entre os universitários. Desde
2008 o baralho é aberto -todos
os dias- apenas para o pôquer.
Especialistas lembram, contudo, que o pôquer expõe os
participantes ao risco do vício
(veja texto abaixo).
Muitas celebridades também
entraram na onda, mas a combinação da velha imagem do
pôquer com a associação do jogo ao vício faz com que algumas
ainda hesitem ao falar do tema.
Juliana Paes, em entrevista a
Amaury Jr., da Rede TV!, admitiu que adora jogar pôquer com
os amigos em sua casa. Logo
após a "confissão", porém, a
atriz emendou: "Ai, meu Deus,
será que eu devia falar isso?".
Pôquer boom
A origem do pôquer é controversa, mas ninguém discute
que 2003 marca o boom do jogo
na atualidade. Nesse ano, Chris
Moneymaker (nome real), um
jogador não profissional e desconhecido, venceu a World Series of Poker, em Las Vegas.
Ele foi o primeiro a conquistar o título mundial após ter se
classificado num satélite on-line (torneio cujo prêmio é a inscrição para um campeonato
mais caro). Gastou US$ 40 na
internet e levou US$ 2,5 milhões quando ganhou a WSOP.
A explosão foi imediata. Criada em 1970, a WSOP reuniu
seis jogadores em sua primeira
edição. Em 2003, eram 839. No
ano seguinte, logo após o "efeito Moneymaker", participaram
2.576 jogadores. O ano passado
reuniu 6.494 pessoas.
A ESPN seguiu o crescimento do pôquer. Incrementou a
transmissão da WSOP e ajudou
a difundir o jogo. A popularização atingiu o Brasil, inspirando
a criação de ligas particulares.
"Com a febre do pôquer na
TV, fiquei louco para montar
um torneio", diz o engenheiro
civil José Allan Levy, 29. "Organizei o primeiro campeonato
em 2006. Jogaram 21 pessoas e
minha mãe ganhou", conta.
Dona Simone, a mãe, "adora"
jogar pôquer e "conta os dias
para chegar o domingo", quando recebe os amigos do filho para a jogatina. O apartamento
em Higienópolis, dotado de
mesa profissional de pôquer, é
a sede do LPT (Levy Poker
Tour), que existe desde 2008.
Salomon, o pai, não joga pôquer e "não curte muito a invasão", mas aceita. Ao longo de
2009, 85 pessoas "invadiram"
sua casa para participar pelo
menos uma vez do LPT.
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