São Paulo, sábado, 14 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preso troca de identidade e sai do Depatri

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

Preso com o maior arsenal já apreendido pela polícia paulista, Maurício Alves de Carvalho, 28, trocou de identidade com um preso e fugiu pela porta da frente do presídio do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Contra o Patrimônio).
A fuga aconteceu anteontem à noite. Carvalho estava detido desde a semana passada, quando foi preso sob a acusação de porte de armas de uso do Exército. Segundo a polícia, ele e Alexandre Carlos Vasconcelos, 23, tinham até uma granada anticarro blindado.
Além dela, os acusados estavam com cinco fuzis, cinco submetralhadoras, 14 pistolas, 12 coletes à prova de balas e uma granada de mão. Carvalho e Vasconcelos seriam membros de uma quadrilha de ladrões de banco e de carros-fortes que alugara uma casa em Sorocaba (SP), onde tentaram, no último dia 4, roubar um carro blindado no aeroporto.
O grupo é composto por 17 pessoas. "Ele (Carvalho) é um dos líderes do bando", disse o delegado Edson Soares, da 3ª Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio.
A fuga de Carvalho começou quando chegou ao plantão do presídio um alvará de soltura em nome do preso Flávio Leal da Silva, 25. Acusado de furto, receptação de objetos roubados e formação de quadrilha, a Justiça decidiu soltá-lo porque ele é réu primário.
Silva foi tomar banho antes de sair da cela. No momento em que o carcereiro foi retirá-lo, os outros detentos agarraram-no pelo pescoço e taparam sua boca.
Enquanto isso, Carvalho se apresentou como Silva para ser libertado. "Temos cerca de 400 presos. Os carcereiros não conhecem todos", disse a diretora da prisão, delegado Sueli Aparecida Neute.
Em seguida, aconteceu o fato mais estranho da fuga. Antes de libertar um preso, a polícia checa as suas impressões digitais para não soltar a pessoa errada.
Os carcereiros tiraram as impressões digitais de Carvalho para saber se o preso era realmente quem dizia ser. Segundo o que foi apurado pela direção do presídio do Depatri, os peritos não perceberam que as digitais de Carvalho não batiam com as de Silva e deram o OK para a soltura do preso.
A polícia irá abrir sindicância e inquérito para apurar o caso. Na tarde de ontem, a direção do presídio fez uma revista nas celas e apreendeu brocas, serras, telefone celular e bip com os detentos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.