São Paulo, sábado, 14 de abril de 2001

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RIO
Caso envolve a família Catão; se provar que é filho do tio, Álvaro Luiz poderá herdar uma fortuna em empresas e imóveis
Falsa paternidade agita alta sociedade

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

Autora do livro "Sociedade Brasileira", uma espécie de quem é quem nas famílias ricas e tradicionais do Rio de Janeiro, Maria Helena Prazeres Gondim afirmou ontem que ficou surpreendida com uma revelação: sua irmã, a socialite Lourdes Prazeres Catão, teria tido um romance com o cunhado, que seria pai de seu filho primogênito, Álvaro Luiz Bocayuva Catão.
A notícia vem mobilizando a alta sociedade carioca desde que os jornais da cidade publicaram, há três dias, que Álvaro Luiz, 51, havia pedido na Justiça a realização de um teste de paternidade para comprovar se seria filho do tio, Francisco João Bocayuva Catão. Francisco teria revelado a verdade a Álvaro Luiz antes de morrer, em agosto do ano passado.
"Embora algumas pessoas afirmem que o caso era conhecido da sociedade, a revelação foi muito traumática para a família", disse Maria Helena Gondim, por intermédio do secretário João Pereira.
A Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio mandou lacrar o túmulo de Francisco Catão para que ele não seja violado até a realização do teste de DNA. Mas de Nova York, onde vive desde os anos 70, Lourdes Catão já confirmou, em entrevista ao jornal "O Globo", que realmente Álvaro Luiz não é filho de seu primeiro marido, que se chamava Álvaro Catão Filho e também morreu no ano passado, aos 80 anos.
"Meu filho me perguntou e não tive como não lhe dizer a verdade, depois que o Chico havia falado. Não tem nada a ver com dinheiro, eu não quero nada desse dinheiro para mim", disse Lourdes.
O dinheiro é a fortuna em imóveis e empresas deixada por Francisco Catão para a segunda mulher, Ângela Coimbra de Castro, com quem não teve filhos.
Se provar que é filho do tio, Álvaro Luiz, que mora atualmente nos EUA, torna-se herdeiro de um patrimônio no qual a jóia da coroa é a holding Nora Lage, que controla as empresas Henrique Lage Salineira do Nordeste S.A., Tourinter S.A. -do ramo imobiliário- e das Indústrias Anhembi S.A. -que detêm as marcas de água sanitária Qbôa e Cândida.
Além da Nora Lage, que tem faturamento anual de R$ 80 milhões, seriam divididos entre Ângela e o possível enteado cerca de US$ 10 milhões em imóveis, lanchas e outros bens.
A Folha tentou localizar ontem a viúva de Francisco, Ângela, no Rio e em sua casa de praia em Cabo Frio, mas familiares informaram que ela estava viajando.
Lourdes e seu filho Álvaro Luiz Catão também não foram encontrados em seus telefones em Nova York e Miami, respectivamente. O advogado Paulo Lins e Silva, designado para acompanhar o caso, não quis comentar o assunto.
Excluídos do livro "Sociedade Brasileira", os novos ricos da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) estão acompanhando a trama. "Isso mostra até que ponto eles, que se intitulam a tradição, são capazes de perder a moral pelo dinheiro", disse Vera Loyola, ícone da "sociedade emergente".
Para Vera, não há mais sentido em ser citada no "Sociedade Brasileira". "Se ela (a autora do livro) não conhece sua família, como pode conhecer a sociedade? Ela disse várias vezes que nenhum emergente entraria para o livro. Pois bem, agora quem não quer entrar sou eu."
Lourdes Catão teve mais dois filhos de seu casamento com Álvaro Catão Filho: Isabel e Antônio.
Depois que se separaram, Catão Filho casou de novo, com Evangelina Fragoso. Mas o casal não conseguiu ter filhos e acabou adotando duas crianças.


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