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RIO
Caso envolve a família Catão; se provar que é filho do tio, Álvaro Luiz poderá herdar uma fortuna em empresas e imóveis
Falsa paternidade agita alta sociedade
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
Autora do livro "Sociedade Brasileira", uma espécie de quem é
quem nas famílias ricas e tradicionais do Rio de Janeiro, Maria Helena Prazeres Gondim afirmou
ontem que ficou surpreendida
com uma revelação: sua irmã, a
socialite Lourdes Prazeres Catão,
teria tido um romance com o cunhado, que seria pai de seu filho
primogênito, Álvaro Luiz Bocayuva Catão.
A notícia vem mobilizando a alta sociedade carioca desde que os
jornais da cidade publicaram, há
três dias, que Álvaro Luiz, 51, havia pedido na Justiça a realização
de um teste de paternidade para
comprovar se seria filho do tio,
Francisco João Bocayuva Catão.
Francisco teria revelado a verdade
a Álvaro Luiz antes de morrer, em
agosto do ano passado.
"Embora algumas pessoas afirmem que o caso era conhecido da
sociedade, a revelação foi muito
traumática para a família", disse
Maria Helena Gondim, por intermédio do secretário João Pereira.
A Vara de Família do Tribunal
de Justiça do Rio mandou lacrar o
túmulo de Francisco Catão para
que ele não seja violado até a realização do teste de DNA. Mas de
Nova York, onde vive desde os
anos 70, Lourdes Catão já confirmou, em entrevista ao jornal "O
Globo", que realmente Álvaro
Luiz não é filho de seu primeiro
marido, que se chamava Álvaro
Catão Filho e também morreu no
ano passado, aos 80 anos.
"Meu filho me perguntou e não
tive como não lhe dizer a verdade,
depois que o Chico havia falado.
Não tem nada a ver com dinheiro,
eu não quero nada desse dinheiro
para mim", disse Lourdes.
O dinheiro é a fortuna em imóveis e empresas deixada por Francisco Catão para a segunda mulher, Ângela Coimbra de Castro,
com quem não teve filhos.
Se provar que é filho do tio, Álvaro Luiz, que mora atualmente
nos EUA, torna-se herdeiro de
um patrimônio no qual a jóia da
coroa é a holding Nora Lage, que
controla as empresas Henrique
Lage Salineira do Nordeste S.A.,
Tourinter S.A. -do ramo imobiliário- e das Indústrias Anhembi S.A. -que detêm as marcas de
água sanitária Qbôa e Cândida.
Além da Nora Lage, que tem faturamento anual de R$ 80 milhões, seriam divididos entre Ângela e o possível enteado cerca de
US$ 10 milhões em imóveis, lanchas e outros bens.
A Folha tentou localizar ontem
a viúva de Francisco, Ângela, no
Rio e em sua casa de praia em Cabo Frio, mas familiares informaram que ela estava viajando.
Lourdes e seu filho Álvaro Luiz
Catão também não foram encontrados em seus telefones em Nova
York e Miami, respectivamente.
O advogado Paulo Lins e Silva, designado para acompanhar o caso,
não quis comentar o assunto.
Excluídos do livro "Sociedade
Brasileira", os novos ricos da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio)
estão acompanhando a trama.
"Isso mostra até que ponto eles,
que se intitulam a tradição, são
capazes de perder a moral pelo dinheiro", disse Vera Loyola, ícone
da "sociedade emergente".
Para Vera, não há mais sentido
em ser citada no "Sociedade Brasileira". "Se ela (a autora do livro)
não conhece sua família, como
pode conhecer a sociedade? Ela
disse várias vezes que nenhum
emergente entraria para o livro.
Pois bem, agora quem não quer
entrar sou eu."
Lourdes Catão teve mais dois filhos de seu casamento com Álvaro Catão Filho: Isabel e Antônio.
Depois que se separaram, Catão
Filho casou de novo, com Evangelina Fragoso. Mas o casal não conseguiu ter filhos e acabou adotando duas crianças.
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