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FEBEM
Dos 121 que escaparam sábado de Franco da Rocha, 63 foram recapturados
Foragidos fazem bombeiros reféns
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
Oito fugitivos da Febem invadiram um quartel da Polícia Militar,
fizeram um sargento e um soldado reféns por 30 minutos, roubaram um carro da corporação e
ainda obrigaram os policiais a dirigir o veículo por 8 km. Outros,
foram presos utilizando disfarces.
Os jovens fazem parte de um total de 121 adolescentes que, na tarde de anteontem, escaparam da
unidade 30 da Febem de Franco
da Rocha (Grande São Paulo).
Logo após a saída da unidade,
os adolescentes se dividiram em
pequenos grupos. Um deles se escondeu em um matagal próximo
à Febem. Por volta das 21h30, eles
começaram a procurar um carro
que os levasse para longe. A quadrilha, então, decidiu invadir a escola do Corpo de Bombeiros de
Franco da Rocha, que fica a apenas 150 metros da unidade da
qual eles fugiram.
Antes de fazerem reféns o sargento Nabor Gonçalves, 47, e o
soldado Renato Medeiros Farias,
24, os adolescentes entraram no
quartel e se armaram com foice,
facões e chaves de fenda.
Os bombeiros, que estavam em
uma camionete, foram surpreendidos pelos adolescentes, que os
ameaçaram de morte. Farias foi
obrigado a dirigir o veículo. Assim que deixaram o quartel, outros policiais perceberam a ação e
acionaram a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).
Os jovens ordenaram que Farias
os levasse para Francisco Morato,
município vizinho de Franco da
Rocha. A cerca de 300 metros da
Câmara Municipal da cidade, os
infratores resolveram descer do
carro. Os PMs foram libertados,
sem ferimentos, depois de trafegar cerca de oito quilômetros como reféns.
Mas a fuga durou pouco para
dois dos adolescentes. Flávio Santos Fontes, 18, e Jonas de Aguiar
Vicente, 19, foram presos. Estavam escondidos sob um ônibus.
Os outros seis seguem livres.
Disfarces
Outros fugitivos foram presos
ao longo do dia tentando se esconder ou utilizando disfarces.
"Estamos só orando." Foi o que
disseram três internos de Franco
da Rocha, quando policiais militares os renderam em meio a um
batizado evangélico, na represa de
Mairiporã (Grande SP).
Perto dali, um quarto foragido
andava tranquilamente pela estrada de Santa Inês, carregando
uma vara de pesca. Os últimos
seis internos presos pela Polícia
Militar foram encontrados nas
imediações da represa.
"Fugimos para o meio do mato
e fomos à represa para tomar
água e descansar. Com os portões
abertos, a gente tinha que fugir
mesmo", disse Sildirley Silva Acácio, 18, que ficou quase 24 horas
escondido na mata.
Segundo a polícia, Acácio
-que está na Febem por roubo- era um dos disfarçados de
evangélico. O rapaz, que dividiu
com outros cinco colegas uma pequena cela na delegacia de Franco
da Rocha, disse ontem que são comuns as agressões na unidade.
"Fugimos porque, lá dentro, já
deram até tiro na gente. Somos
tratados na porrada", disse um
dos internos recapturados. A Febem nega as agressões.
Segundo a entidade, dos 121
adolescentes que escaparam no
sábado, 63 já foram recapturados.
Entre os fugitivos ainda soltos
estão Fabio Paulino, 20, o Batoré,
e Weberson de Paula Lima, o
Baianinho, irmão do sequestrador Wanderson de Paula Lima, o
Andinho. Ambos foram apontados como líderes da ação e são
considerados perigosos. Batoré
responde por dois latrocínios,
dois homicídios, roubos e porte
ilegal de armas.
Uma comissão de sindicância
da Febem investiga as circunstâncias da fuga em massa. A assessoria de imprensa da entidade diz
que nenhuma possibilidade está
descartada -nem a de facilitação
por parte de funcionários.
A Promotoria da Infância e da
Juventude deverá instaurar procedimento de apuração do caso,
que será mandado ao Gaeco
(Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado).
A promotora Sueli Riviera acredita que funcionários possam ter
facilitado a fuga dos internos.
"Como é possível que saiam pela
porta da frente?", diz Riviera.
Já o sindicato dos funcionários
nega envolvimento e culpa a direção da unidade pela fuga.
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