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RETRATO DO BRASIL
Na década de 80, segundo o IBGE, trânsito matava mais; durante os anos 90, homicídio lidera ranking
Em 20 anos, 600 mil foram assassinados
ANTÔNIO GOIS
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em 20 anos (de 1980 a 2000),
598.367 brasileiros foram assassinados. No período, a taxa de mortalidade por homicídio do país
cresceu 130%, passando de 11,7
mortos por 100 mil habitantes para 27 por 100 mil. Os dados constam da "Síntese de Indicadores
Sociais" do IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística),
divulgada ontem no Rio.
A população do país passou de
119 milhões, em 1980, para 170 milhões, em 2000 (43% a mais).
A taxa de homicídios, calculada
com base em dados do DataSus
(Departamento de Informática
do Sistema Único de Saúde),
mostra que Pernambuco apresentava em 2000 a maior taxa de
mortos por homicídio, com 54
por 100 mil habitantes. Era seguido por Rio (51), Espírito Santo
(46) e São Paulo (42).
Dos quase 600 mil brasileiros
assassinados, 62% o foram na década de 90. O número total de
mortes violentas (incluem suicídios e acidentes de trânsito) nesses 20 anos foi de 2.069.866 brasileiros, sendo que os homens representaram 82,2% desse total.
O aumento dos homicídios,
principalmente na década de 90, é
o principal fator que explica o
crescimento do número de mortes violentas no país. Na década
de 80, o brasileiro morria mais de
acidente de trânsito do que de homicídio, padrão que se inverteu
na década de 90.
O IBGE focalizou o estudo sobre
as causas dos homicídios no grupo populacional mais afetado por
essas mortes: homens de 15 a 24
anos. Os dados mostram que as
armas de fogo tiveram um papel
preponderante no aumento dessa
estatística na década de 90.
Em 1991, pouco mais da metade
(56%) dos homicídios entre homens de 15 a 24 anos eram causados por armas de fogo. Em 2000, a
proporção já era de três em cada
quatro (75%) assassinatos.
De 1991 para 2000, o número de
homens de 15 a 24 anos mortos
por armas de fogo cresceu 134%,
passando de 5.220 para 12.233. No
período, a taxa de mortalidade
por armas de fogo na população
masculina nessa faixa etária aumentou de 36,8 mortes por grupo
de 100 mil habitantes para 71,7
mortes por 100 mil.
O Rio foi o Estado que apresentou maior taxa em 1991 e em 2000,
com um aumento de 124,5 para
181,6. Pernambuco (179,5) e Espírito Santo (121,7) aparecem logo
abaixo do Rio. São Paulo, que em
1991 ocupava a nona colocação,
passou para a quarta em 2000. A
taxa subiu de 43,6 para 114,6.
Como os homicídios e outras
mortes mais violentas afetam
mais os jovens, o impacto dessa
mortalidade é significativo na redução da expectativa de vida nos
principais centros urbanos.
No Estado do Rio, as mortes por
causas violentas reduzem em 4,1
anos a expectativa de vida dos homens, segundo um cálculo feito
pelo IBGE a partir de dados de
1998. Em São Paulo, os homens
estão vivendo três anos a menos.
Em Pernambuco, 3,5 anos.
No Brasil, as mulheres vivem sete anos a mais. No Rio, a distância
é de 12 anos. Nos países desenvolvidos, a diferença é de 3 a 4 anos,
diz Celso Simões, da Coordenação de Indicadores Sociais.
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