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Não há acordo fechado, diz ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, disse ontem, às
19h30, que ainda não havia acordo fechado com o governo do Rio.
O eventual envio de tropas dependia de um ofício assinado pela
governadora Rosinha Matheus
(PMDB), que ainda não havia sido recebido pelo governo federal
no início da noite de ontem.
"As Forças Armadas não são,
assim, um instrumento prêt-à-porter [pronto para usar] que se
possa pegar e trazer sob a direção
de autoridades estaduais", disse.
Segundo Bastos, o envio dos
soldados será examinado nos termos previstos pela Constituição.
Segundo a Carta, é preciso que o
Estado admita a insuficiência das
forças policiais na manutenção da
ordem. No caso do Rio, Bastos
afirmou ter informações de que a
situação está "sob controle".
Quando as Forças Armadas são
utilizadas, ainda segundo o ministro, são elas quem planejam a
ação e, assim, assumem o controle das forças de segurança no Estado em que ocorre a intervenção.
Ontem à tarde, o ministro informou a Garotinho a posição da
União, deixando claro que se forem enviadas tropas federais ao
Rio o comando da operação caberá ao Exército. Segundo a Folha
apurou, ele disse que caberá ao
Ministério da Defesa definir o número de soldados a ser enviado.
No Rio, o secretário Garotinho
propôs uma fórmula diferente,
solicitando 4.000 homens de forças especiais para áreas específicas. O ministro rechaçou a idéia.
"Se é esse o ofício -não li o ofício,
só tive notícias dele por flashes da
televisão-, se é este o ofício, ele é
manifestamente inatendível."
A forma como Garotinho formalizou o pedido irritou o governo. Na avaliação da cúpula petista, ele fez uma solicitação que sabia ser impossível de ser atendida.
Seu objetivo: transferir para a
União a responsabilidade por
uma recusa no envio das Forças
Armadas ao Rio.
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse que os ministérios da Defesa e da Justiça deverão
discutir hoje a possibilidade de
envio de tropas para o Rio.
"O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva reitera que a segurança
pública do Rio deve ser objeto de
máxima atenção e que o governo
federal continuará a ajudar o Estado em tudo que for necessário
para manter a ordem pública e a
tranqüilidade naquela cidade",
disse Singer.
Nos últimos anos, os comandos
das Forças Armadas vêm se
opondo a enviar tropas para atuar
na segurança pública no Rio, sob
o argumento de que os soldados
não têm treinamento específico
para o policiamento ostensivo.
O Senado deverá convidar Thomaz Bastos, Rosinha Matheus,
Anthony Garotinho e o prefeito
da capital, César Maia (PFL), para
falar sobre as dificuldades de
combater o crime organizado.
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