São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME EM PERDIZES

Polícia recebe três primeiras análises da perícia; irmão diz que acusado não teria motivo para matar o pai

Tiros na rua Atibaia foram à queima-roupa

SÍLVIA CORRÊA
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Luiz Rugai, 40, e sua mulher, Alessandra, 33, foram mortos com tiros à queima-roupa -com o cano de pistola 380 praticamente encostado na cabeça dele e nas costas dela. Um terceiro disparo foi feito de cima para baixo. Ou seja: quando a vítima -no caso, Rugai- já havia caído.
É isso o que mostra o primeiro dos três laudos encaminhados ontem pelo Instituto Médico Legal e pelo Instituto de Criminalística ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
O laudo necroscópico, feito pelo IML, indica que Alessandra foi vítima de cinco tiros -dois pela frente (olho e antebraço) e três pelas costas, cabeça e nas regiões lombar e escapular. Esse último disparo foi feito à queima-roupa.
O tiro no antebraço sugere que Alessandra tentou se defender. A polícia, porém, não sabe se ela foi a primeira a ser rendida. E talvez essa resposta nunca apareça. A última chance está na análise de uma mancha de sangue encontrada na sala de ginástica -onde, imagina-se, o embate começou.
Um estudo preliminar sugere que o sangue tenha sido perdido por um homem. Se isso se confirmar e se ele for Rugai, a ordem de abordagem das vítimas estará esclarecida. Caso contrário -se o sangue for do assassino, por exemplo, e se ele não confessar o crime-, nunca se saberá exatamente o que aconteceu na noite de 28 de março na rua Atibaia.
O corpo de Rugai tinha duas marcas de escoriações recentes -abaixo da clavícula direita e perto da virilha. Não se sabe, porém, se não eram anteriores -fruto de uma queda de moto.
O empresário foi vítima de quatro tiros -no lado esquerdo do pescoço, no peito e na cabeça (dois). O do peito foi dado de cima para baixo. Os que atingiram a cabeça dele foram dados pelas costas, um à queima-roupa.
Além da análise dos corpos, foram também encaminhados aos delegados os laudos de balística e os toxicológicos das vítimas.
A balística formaliza o que já vinha sendo divulgado: a munição encontrada sob a cama de Gil Grecco, 21, filho mais velho de Rugai e preso temporariamente pelo crime, foi disparada pela mesma pistola dos assassinatos.
Os exames não conseguem esclarecer, porém, há quanto tempo a munição estava no local -seria menos de 30 dias, mas isso não é suficiente para permitir alguma conclusão, já que a defesa de Gil alega que a prova foi plantada.
O exame toxicológico indica que as vítimas não consumiram drogas -inclusive álcool- "recentemente", sem esclarecer qual o período a que se refere. Na casa havia 300 gramas de maconha. Gil nega ser o dono da droga.
Agora, das chamadas provas técnicas, falta só o resultado da análise das amostras de sangue. Ontem, o segundo filho de Rugai, Leonardo, 19, foi ouvido pela polícia. O rapaz inocentou o irmão, afirmando que ele é uma pessoa religiosa e que não teria motivos para matar o pai e a madrasta.
A polícia deve encaminhar o caso ao Ministério Público até meados da próxima semana.


Texto Anterior: Faltam armas e comida, dizem PMs
Próximo Texto: Chegam a três as ameaças às testemunhas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.