São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Surto de infecção em hospital contamina 401 pessoas no RJ

Bactéria provoca lesões na pele de pacientes que se submeteram a cirurgias

O surto está restrito ao Rio de Janeiro, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alertou todos os Estados do país

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um surto de infecção hospitalar, provocado por uma bactéria que causa infecções e lesões na pele, atingiu 44 hospitais do Rio e região metropolitana. Segundo o Ministério da Saúde, há 401 casos notificados. Não houve mortes.
O surto está restrito ao Rio de Janeiro, segundo o ministério, mas uma nota técnica do Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alerta todos os Estados para a possibilidade de ocorrer casos em outros locais.
As vítimas no Rio são pessoas que passaram por procedimentos cirúrgicos desde o final do ano passado, a maioria (64%) em hospitais privados. A responsável pela contaminação é a bactéria Mycobacterium abscessus, que exige tratamento com antibióticos por seis meses, que custa R$ 5.000 por pessoa. Os remédios são fornecidos pelo governo federal.
A Secretaria de Saúde do Estado trabalha com três possíveis motivos para o surto: contaminação da água, baixa qualidade dos equipamentos usados no processo de desinfecção ou erros na esterilização. Das três, a última é a mais provável.
Victor Berbara, superintendente da vigilância em saúde do Rio, afirma que o surto já está controlado e que as unidades hospitalares estão readequando seus processos de esterilização -e que, por causa disso, houve queda nas notificações.
Segundo ele, o número de suspeitas no Rio é alto também porque a secretaria estaria fazendo uma busca ativa de casos, em vez de apenas esperar pela notificação dos hospitais.
Uma das hipóteses da pasta para explicar por que a bactéria se espalhou por vários hospitais é que um paciente contaminado pode ter se submetido a cirurgia feita por um profissional com os mesmos aparelhos em mais de uma unidade.
Desde 13 de fevereiro, a vendedora Patrícia Almeida Villar, 36, de Bonsucesso (zona norte) está com um corte aberto no umbigo. Dentro dele, uma gaze tenta conter a secreção gerada pelo processo infeccioso que atingiu também outros três pontos da barriga.
Até agora, Patrícia não conseguiu a medicação para conter a infecção. "Vivo do que vendo, não posso parar. Só quero começar o tratamento logo e acabar com esse pesadelo."
O Ministério da Saúde diz que os remédios estão sendo distribuídos a todos os pacientes com casos confirmados.


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