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Cidades "top" no Enem têm abismo menor entre redes de ensino
Nos municípios do RS, Estado que mais se destacou no exame, distância é menor entre as notas das escolas particulares e públicas
Das dez melhores cidades no Enem, seis são gaúchas; Estado trouxe de volta para a rede pública alunos de classe média, diz dirigente
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Os municípios cujos alunos
conseguiram o melhor desempenho no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) são também aqueles que apresentam
menor distância entre a rede
pública e a particular.
Essa realidade é encontrada
principalmente no Rio Grande
do Sul, Estado que mais se destacou no ranking elaborado pela Folha comparando todas as
124 cidades brasileiras com
mais de 200 mil habitantes.
Das dez melhores cidades no
Enem, seis são gaúchas: São
Leopoldo (a melhor), Caxias do
Sul, Santa Maria, Porto Alegre,
Novo Hamburgo e Canoas. Em
comum entre elas está o fato de
a média dos estudantes da rede
privada não ser tão distante da
encontrada na rede pública.
Em todas as cidades, a rede
privada tem sempre melhores
médias. O município menos
desigual nesse critério também
é gaúcho (Alvorada), mas não
aparece entre os melhores. Depois, porém, vêm Novo Hamburgo, Caxias do Sul, São Leopoldo, Pelotas e Canoas, todas no Estado -e bem avaliadas.
Nessas cidades, a distância
entre o setor público e o privado é sempre inferior a 10 pontos na prova (numa escala que
vai de zero a 100). No Brasil, a
média dos alunos na prova objetiva e na redação foi 15 pontos maior na rede privada.
Completam a lista das dez
melhores cidades no Enem Vitória (ES), Petrópolis (RJ), Blumenau (SC) e São Carlos (SP).
No caso das três primeiras, a
distância entre a rede pública e
a particular também é inferior
à média do Brasil.
A única a destoar do grupo
por apresentar desigualdade
maior do que a média nacional
é São Carlos (SP), onde os alunos da rede pública ficaram 18
pontos atrás dos da particular.
Das dez melhores cidades
por desempenho de alunos da
rede pública, todas são da região sul -oito são gaúchas, inclusive as sete primeiras. A melhor, de novo, é São Leopoldo.
Na comparação só das redes
privadas, Barueri é a mais desigual. São Carlos e Franca também aparecem na lista.
Causas
Para a presidente da União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação na região
Sul, Magela Formiga, o bom desempenho das cidades gaúchas
é resultado de um investimento de municípios e do Estado
que fez voltar à escola pública
uma parcela da classe média.
Ela diz que em escolas em regiões centrais essa característica é mais visível do que em bairros periféricos, com maior parte dos alunos de baixa renda.
A oficial de projetos de educação do Unicef (Fundo das
Nações Unidas para a Infância)
no Brasil, Maria de Salete Silva,
diz que a presença de alunos de
classe média em escolas públicas beneficia a todos.
"Isso tira o estigma de que a
escola pública é apenas para
pobres. Ser de classe média não
é garantia de que a família se
preocupe mais com educação,
mas pais com maior escolaridade sem dúvida contribuem
muito para aumentar a mobilização em torno da escola."
Para a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Mariza Abreu, a menor desigualdade no Estado tem razões históricas. Segundo ela, os investimentos do Estado na educação
pública sempre foram eqüitativos, e, por isso, os colégios têm
um desempenho mais homogêneo. Mas ela considera que o
desempenho deve ser relativizado. "Ser a melhor média num
universo de baixo conhecimento não é tão bom assim."
Ela diz que há resultados
preocupantes dos alunos no
ensino fundamental que devem servir de alerta: "Se não
reagirmos agora, dificilmente
manteremos a boa colocação
no ensino médio".
Colaborou FLÁVIO ILHA
NA FOLHAONLINE www.folha.com.br/081041
Veja o ranking das cidades com
as melhores médias no Enem
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