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foco
Para chegar mais rápido, Vagaroso prefere andar
a pé pela zona leste de SP
CRISTINA MORENO DE CASTRO
GIULLIANA BIANCONI
GUSTAVO HENNEMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Vagaroso, se mexe!" Aos 18
anos, era o que Flondório
Monteiro de Oliveira Vagaroso Neto ouvia nas brincadeiras
de oficiais no Exército.
Hoje, aos 63, ele não dá motivos para ouvir o mesmo de
motoristas em São Paulo. Isso
porque Vagaroso, que diz ter
perdido a paciência com o
trânsito de São Paulo, prefere
andar a pé pelo bairro do Belenzinho (zona leste), onde
morou a vida toda.
Solteiro e sem filhos, é só
nos finais de semana -ou em
emergências- que ele abre a
garagem em que descansa seu
Honda Fit, ano 2005, prata.
"Desde que comprei esse
carro, senti que o trânsito piorou. Pra que me irritar? Vou
andando."
Na semana passada, por
exemplo, gastou 33 minutos
para levar a sua concunhada
ao hospital -a 3,5 quilômetros
de sua casa.
A pé, diz, chegaria mais rápido: são 20 minutos para ir e 17
para voltar. "Na ida demora
mais porque tem subida."
Hoje "aposentado", o ex-comerciante afirma dirigir desde
1970, quando comprou um
Fusca cor de cereja.
No fim da tarde, chegava a
atravessar a cidade por uma
avenida 23 de Maio "totalmente livre" para tomar café
no aeroporto de Congonhas
(zona sul) e esperar o último
vôo: "Vinham artistas, políticos, jogadores".
Vendedor nos anos 70 -antes de abrir sua própria loja-,
Vagaroso fazia, de carro, cerca
de 20 visitas por dia a seus
clientes. "Hoje, eu não faria
nem cinco", afirma.
A insatisfação de Vagaroso
com o trânsito da cidade pode
ser atestada no painel de seu
atual veículo, que registra apenas cerca de 5.000 km após
três anos de uso.
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