São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2008

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Para chegar mais rápido, Vagaroso prefere andar a pé pela zona leste de SP

CRISTINA MORENO DE CASTRO
GIULLIANA BIANCONI
GUSTAVO HENNEMANN

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vagaroso, se mexe!" Aos 18 anos, era o que Flondório Monteiro de Oliveira Vagaroso Neto ouvia nas brincadeiras de oficiais no Exército.
Hoje, aos 63, ele não dá motivos para ouvir o mesmo de motoristas em São Paulo. Isso porque Vagaroso, que diz ter perdido a paciência com o trânsito de São Paulo, prefere andar a pé pelo bairro do Belenzinho (zona leste), onde morou a vida toda.
Solteiro e sem filhos, é só nos finais de semana -ou em emergências- que ele abre a garagem em que descansa seu Honda Fit, ano 2005, prata.
"Desde que comprei esse carro, senti que o trânsito piorou. Pra que me irritar? Vou andando."
Na semana passada, por exemplo, gastou 33 minutos para levar a sua concunhada ao hospital -a 3,5 quilômetros de sua casa.
A pé, diz, chegaria mais rápido: são 20 minutos para ir e 17 para voltar. "Na ida demora mais porque tem subida."
Hoje "aposentado", o ex-comerciante afirma dirigir desde 1970, quando comprou um Fusca cor de cereja.
No fim da tarde, chegava a atravessar a cidade por uma avenida 23 de Maio "totalmente livre" para tomar café no aeroporto de Congonhas (zona sul) e esperar o último vôo: "Vinham artistas, políticos, jogadores".
Vendedor nos anos 70 -antes de abrir sua própria loja-, Vagaroso fazia, de carro, cerca de 20 visitas por dia a seus clientes. "Hoje, eu não faria nem cinco", afirma.
A insatisfação de Vagaroso com o trânsito da cidade pode ser atestada no painel de seu atual veículo, que registra apenas cerca de 5.000 km após três anos de uso.


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