São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2011

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Ligar ataque ao islã cria preconceito, diz xeque

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Representante da União Nacional das Entidades Islâmicas, o xeque Jihad Hassan Hammadeh disse ontem que a tentativa de associar ao islã o ataque de Wellington Menezes de Oliveira pode criar um preconceito infundado.
Em manuscritos encontrados em sua casa, o atirador faz referências à religião muçulmana. Wellington, no entanto, também guardava outros textos, inclusive com referências cristãs. Hammadeh participou ontem de ato multirreligioso em frente à escola Tasso da Silveira, em memória às 12 crianças mortas no local.

 

Folha - Wellington é reconhecido como uma pessoa adepta do islamismo?
Jihad Hassan Hammadeh - Ele não é muçulmano, não faz parte de religião nenhuma. O que ele fez não tem religião.

Ele dizia seguir doutrinas propagadas pelo islamismo...
A internet está aberta, e existem sites de todos os tipos. Se uma pessoa estudou uma religião, tirou fotos ou tem manuscritos, não significa que seja adepta. E se for adepta, essas atrocidades não são justificadas pela religião. A pessoa tem direito de pesquisar sobre qualquer religião. Mas não se pode culpar a religião por seus erros, não pode culpar sua família ou amigos, ninguém. Ele é o culpado pelos seus erros.

O senhor acha que a mensagem do islamismo está sendo distorcida na internet?
Há dois tipos de arma que estão sendo usadas de forma errada. A de Wellington e uma outra: o microfone ou a caneta de algumas pessoas que estão deturpando informações. Isso é outra violência que está sendo cometida contra uma parte inocente.

Quais as consequências disso para os seguidores no Brasil?
As pessoas adeptas da religião islâmica podem sofrer, porque cria uma instabilidade social, um preconceito infundado. Temos de nos preocupar em não aumentá-lo. O ato de Wellington não tem justificativa e nenhuma ligação com religião nenhuma.

O episódio trouxe prejuízos para o islamismo no Brasil?
Certamente acaba respingando. Somos adeptos de uma religião que prega paz, não guerra. O islamismo condena a violência, condena qualquer pessoa que aja violentamente e tire vidas.


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