São Paulo, Quarta-feira, 14 de Abril de 1999
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"Era normal até o ano passado"

da Agência Folha, em Recife

O auxiliar de serviços gerais Misael Pereira da Silva, 30, afirmou ontem que, dias antes de ser preso, pensou em estrangular a mulher, Luciana da Silva, 22, então grávida de sete meses.
Abalada com a confissão de que o marido seria o "maníaco da bicicleta" e teria assassinado duas crianças e estuprado ou molestado outras 11, Luciana deu à luz ontem uma menina prematura.
Em entrevista por telefone à Agência Folha, Silva confirmou ser o autor dos crimes. Chorando, disse estar "um pouco arrependido". "O que eu fiz não tem perdão."
O auxiliar de serviços gerais negou ter planejado os crimes e disse que só agia no início da noite, quando se dirigia ao trabalho. "Dava uma vontade de repente." A seguir, trechos da entrevista.

Agência Folha - Você matou e atacou as crianças?
Misael Pereira da Silva
- As 13 eu confesso. Matei duas das meninas.
Agência Folha - Por que você fez isso?
Silva
- Não sei. Dava uma vontade de repente. Nunca fiz isso antes. Eu era normal até o ano passado...
Agência Folha - O que aconteceu, então?
Silva
- Não sei. Matei a primeira menina e no outro dia vi a reportagem na TV com a minha mãe. Ela disse: "Quem fez isso é um monstro". Eu quis falar para ela que era eu, mas não consegui. Ninguém sabia, nem minha mulher.
Agência Folha - O que você sentia ao estuprar e estrangular?
Silva
- Não sentia nada. Ficava só apertando o pescoço. Mais tarde, via as reportagens e queria parar, mas não saía da minha cabeça. O que eu fiz não tem perdão.
Agência Folha - Você escolhia antes quem ia atacar?
Silva
- Não. Eu saía de bicicleta para trabalhar e pegava a menina que estivesse no caminho. Não sei por que fazia isso. Cheguei até a pensar em fazer igual com minha mulher.
Agência Folha - Como assim?
Silva
- Pensei em estrangulá-la pelas costas. Ela estava grávida de sete meses, ficou falando outras coisas e eu acabei desistindo.
Agência Folha - Se você sair da cadeia, vai continuar atacando?
Silva
- Não sei. Preciso de alguém para dizer o que eu tenho. Eu sei que minha infância foi normal. (FG)




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