|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Era normal até o ano passado"
da Agência Folha, em Recife
O auxiliar de serviços gerais Misael Pereira da Silva, 30, afirmou
ontem que, dias antes de ser preso,
pensou em estrangular a mulher,
Luciana da Silva, 22, então grávida
de sete meses.
Abalada com a confissão de que
o marido seria o "maníaco da bicicleta" e teria assassinado duas
crianças e estuprado ou molestado
outras 11, Luciana deu à luz ontem
uma menina prematura.
Em entrevista por telefone à
Agência Folha, Silva confirmou ser
o autor dos crimes. Chorando, disse estar "um pouco arrependido".
"O que eu fiz não tem perdão."
O auxiliar de serviços gerais negou ter planejado os crimes e disse
que só agia no início da noite,
quando se dirigia ao trabalho.
"Dava uma vontade de repente." A
seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - Você matou e
atacou as crianças?
Misael Pereira da Silva - As 13 eu
confesso. Matei duas das meninas.
Agência Folha - Por que você fez
isso?
Silva - Não sei. Dava uma vontade de repente. Nunca fiz isso antes.
Eu era normal até o ano passado...
Agência Folha - O que aconteceu,
então?
Silva - Não sei. Matei a primeira
menina e no outro dia vi a reportagem na TV com a minha mãe. Ela
disse: "Quem fez isso é um monstro". Eu quis falar para ela que era
eu, mas não consegui. Ninguém
sabia, nem minha mulher.
Agência Folha - O que você sentia ao estuprar e estrangular?
Silva - Não sentia nada. Ficava só
apertando o pescoço. Mais tarde,
via as reportagens e queria parar,
mas não saía da minha cabeça. O
que eu fiz não tem perdão.
Agência Folha - Você escolhia antes quem ia atacar?
Silva - Não. Eu saía de bicicleta
para trabalhar e pegava a menina
que estivesse no caminho. Não sei
por que fazia isso. Cheguei até a
pensar em fazer igual com minha
mulher.
Agência Folha - Como assim?
Silva - Pensei em estrangulá-la
pelas costas. Ela estava grávida de
sete meses, ficou falando outras
coisas e eu acabei desistindo.
Agência Folha - Se você sair da
cadeia, vai continuar atacando?
Silva - Não sei. Preciso de alguém
para dizer o que eu tenho. Eu sei
que minha infância foi normal.
(FG)
Texto Anterior: Preso em Natal acusado de matar crianças Próximo Texto: Alunos devem ter registros de telefonemas quebrados Índice
|