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OPINIÃO
Rodízio inconsequente
ROMEU NATAL PANZAN
O governo de São Paulo decidiu
incluir os caminhões no rodízio de
veículos. Manter os caminhões fora poderia causar revolta na população e ameaçar o sucesso do principal projeto do governo para
combater a poluição do ar.
Mas, assim como o rodízio é só
um paliativo, a extensão da medida aos caminhões é uma falsa atitude de justiça na sociedade democrática.
Não que o Setcesp relute em se
submeter às normas que recaem
sobre os demais cidadãos. Mas há
pelo menos dois fatores que diferenciam os caminhões dos automóveis no Brasil.
O primeiro deles é que o abastecimento urbano não pode prescindir do caminhão, responsável pela
entrega de 100% do que se consome em São Paulo.
A segunda diferença está na tecnologia de controle de poluição. A
Cetesb dispõe de recursos adequados e laboratórios para medir a
descarga dos poluentes dos veículos a álcool e gasolina, e têm, ainda, parâmetros definidos para regulagem desses tipos de motor.
Mas não há na Cetesb um único
laboratório para testar os veículos
movidos a óleo diesel, nem parâmetros para orientar mecânicos
especializados em caminhões. Isso
apesar de o Estado ter arrecadado,
em 1996, mais de R$ 20 milhões
com multas a caminhões considerados poluentes.
Além disso, veículos leves respondem por 66% do monóxido de
carbono emitido, contra 28% dos
caminhões.
O que os transportadores de carga querem são medidas efetivas
para o controle da poluição de veículos. Em 96, ao assinarmos com a
Cetesb um protocolo de autogestão na regulagem de motores, ficou decidido que a agência governamental forneceria às empresas a
orientação técnica. Ela reuniria
ainda responsáveis pelo desempenho dos motores de caminhões
-montadoras e setores de autopeças e combustíveis- para avaliar responsabilidades. A Cetesb
não cumpriu esses compromissos.
É injusto impedir as transportadoras de cumprir os contratos
com seus clientes, e os autônomos
de trabalhar. Mas a verdadeira injustiçada será a população. A fachada democrática do rodízio é
um engodo. Não adianta tirar de
circulação 20% dos caminhões a
cada dia, por quatro meses, e permitir que veículos desregulados
circulem no resto da semana.
A fachada
democrática do
rodízio de
veículos é um
engodo
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O Setcesp defende a inspeção de
todo tipo de veículo e a retirada de
circulação dos que não obedeçam
normas de segurança e manutenção. Pede orientação técnica na regulagem de motores e o uso de
equipamentos modernos para medir a emissão de poluentes. E propõe, finalmente, atividades de carga e descarga em períodos de menor movimento, como o noturno.
Romeu Natal Panzan, 54, é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de
São Paulo e Região (Setcesp).
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