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ANÁLISE
O júri sem o magnetismo do ator da TV
LUÍS FRANCISCO CARVALHO Fº
da Equipe de Articulistas
A expectativa geral em torno do julgamento de Paula
Thomaz parece ser menor. Há
menos histeria no ar, menos notícia nos jornais. É como se a
falta de novidades e a perspectiva da repetição de informações já publicadas gerasse uma
certa perplexidade entre editores e repórteres.
Em princípio, a condenação
de Paula surge no horizonte como uma consequência natural
da condenação de Guilherme
de Paula, em janeiro. Afinal,
segundo os acusadores, marido
e mulher agiram juntos para
satisfazer caprichos criados a
partir de uma relação obsessiva. A unidade de propósitos,
aos olhos da acusação, é tão
cristalina que não importa
muito saber se um ou outro, ou
os dois, ao mesmo tempo, desferiram os golpes fatais.
Admite-se, apenas, uma pena
inferior aos 19 anos de reclusão
recebidos por Guilherme
-Paula, na época do crime, tinha menos de 21 anos, e essa
circunstância é, por lei, atenuante.
Pelo menos em tese, não é
porque Guilherme de Pádua foi
condenado que sua ex-mulher
deve ser condenada automaticamente. Lembre-se de que
Guilherme, apesar de toda a
pressão, colheu dois votos favoráveis.
O corpo de jurados não é o
mesmo e não está formalmente
vinculado ao primeiro julgamento. É composto por pessoas
que poderiam, pelo menos na
teoria, reagir de outra maneira
ao crime, às versões, aos réus.
A rigor, Paula Thomaz é a
personagem diferente de toda
essa tragédia. Sem o magnetismo dos astros da televisão, ela
aparece como um ser humano
comum, igual aos julgadores.
Independentemente de culpa,
essa é a sua chance. Ela não é
atriz, não faz parte do mundo
das novelas. Ela gerou uma
criança no cárcere. Ela veste
chinelos de dedo e mantém os
cabelos limpos, longos e fora da
moda.
Não é à toa que, para surpresa
de todos, tenha sido arrolada
uma testemunha de defesa que
nada saberia dizer sobre o
acontecimento, mas que pode
falar sinceramente alguma coisa sobre seu cotidiano comum.
É impossível avaliar de antemão o impacto dessa diferença
no espírito dos sete jurados. Foram tantos meses de comoção
popular e de consolidação da
versão acusatória na mídia que
todo o esforço da defesa pode
escorrer como água e nem ser
notado.
Mesmo que fisicamente ausente do recinto do Tribunal do
Júri, Guilherme de Pádua permanece no centro da controvérsia. A acusação dirá que a condenação deve se estender a
Paula e que não faria sentido
beneficiar quem deu causa a
tudo. A defesa sustentará que a
Justiça já se realizou durante o
julgamento de janeiro e que
não há prova da participação
efetiva de Paula.
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