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BEBIDA ALCOÓLICA
Ministério propôs mudanças na medida provisória que liberou publicidade de cigarro no GP Brasil de F-1
Governo quer vetar comercial antes das 22h
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de o governo federal editar às pressas uma medida provisória liberando a publicidade de
cigarro no GP Brasil de F-1, o Ministério da Saúde propôs 13 alterações no texto e a inclusão de um
artigo vetando toda publicidade
de bebida alcoólica antes das 22h.
Entre as mudanças relacionadas
ao cigarro, o ministério propõe a
proibição da venda de produtos
fumígeros ou derivados de tabaco
em estabelecimentos que tenham
livre acesso a menores de 18 anos.
Ou seja, a venda ficaria restrita a
tabacarias e bares ou boates vetadas a menores.
De acordo com a proposta apresentada ontem pelo ministro
Humberto Costa (Saúde), a propaganda de bebidas alcoólicas seria permitida apenas entre as 22h
e as 6h. A Folha apurou que o governo estuda formas de proibir
ainda mais sua publicidade, como
foi feito com o cigarro.
Atualmente, a propaganda de
bebidas com teor alcoólico de até
13 graus, como cervejas e produtos da linha ice, é liberada. A medida atingirá em cheio o setor de
cervejas, que investe pesadamente em propaganda de eventos esportivos (geralmente praticados à
tarde) e no horário nobre da TV.
Bebidas com teor acima dos 13
graus têm publicidade liberada
das 21h às 6h, de acordo com a lei
9.294, de 1996.
"Nós nos preocupamos com o
crime organizado, mas parte das
pessoas que estão morrendo é em
briga de vizinho ou de bar por
causa de bebida alcoólica", disse
Costa aos deputados da Comissão
de Seguridade Social e Família.
A proposta é baseada em emenda já apresentada pelo deputado
Valdemar Costa Neto (PL-SP).
Regulamento do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) já prevê
que bebidas com alto teor alcoólico, como uísque e tequila, tenham
exibição permitida entre as 21h30
e as 6h. Para os produtos de baixo
teor, a veiculação é livre, desde
que não seja em intervalo de programa infantil.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), países
desenvolvidos que acabaram com
a publicidade de bebida alcoólica
têm um consumo 16% mais baixo
e 23% menos mortes no trânsito
em comparação a outros que não
têm restrição.
Cigarro
O ministro da Saúde participou
ontem de audiência pública na
comissão da Câmara para explicar os motivos de o governo ter
editado a medida provisória que
liberou a publicidade de cigarros
no GP. Segundo Costa, houve
pressão da FIA (entidade máxima
do automobilismo) para a edição
da medida provisória.
Ele também disse que a MP "foi
feita em espaço de tempo recorde", enquanto o governo ainda
discutia a política do setor.
As sugestões foram encaminhadas ao relator da MP, deputado
Miguel de Souza (PL-RO), que vai
analisá-las juntamente com outras 13 emendas apresentadas.
Para o deputado Custódio de
Mattos (PSDB-MG), autor do requerimento da audiência, a edição da MP foi "um arranhão na soberania do país".
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