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AIDS
Pesquisa será usada contra críticas
Brasileiro tem menor resistência a coquetel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A resistência de pacientes brasileiros portadores do HIV, vírus
causador da Aids, aos medicamentos do chamado "coquetel"
(anti-retrovirais) está entre as
menores do mundo. Isso significa
que doentes de Aids no Brasil têm
desenvolvido menos resistência
ao tratamento que os de outros
países, inclusive desenvolvidos.
Enquanto a taxa de resistência
no Brasil é de 6,6%, o índice fica
em 15% na América do Norte,
23% na Espanha, 14% na Inglaterra, 13% na Alemanha e 10% na
França. Esses dados fazem parte
de um estudo realizado pela Rede
de Vigilância da Resistência do
HIV aos Medicamentos, sob a
coordenação do professor Amilcar Tanuri, e publicado na edição
do mês passado da revista científica norte-americana "Aids". A
rede é composta por um grupo de
pesquisadores brasileiros de várias entidades, entre elas o Instituto Oswaldo Cruz e a Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
O resultado da pesquisa será
usado pelo ministério contra argumentos de críticos da política
brasileira de combate à Aids, que
prevê distribuição gratuita e universal dos anti-retrovirais.
Ontem, durante divulgação dos
números da doença no país, o
coordenador do programa de
DST-Aids do ministério, Paulo
Teixeira, disse que o Brasil voltou
a receber críticas por sua política
no setor. Ele afirmou que há um
lobby internacional para desqualificar o tratamento no país. O objetivo seria reduzir pressões mundiais para promover o acesso aos
anti-retrovirais em países pobres.
Segundo Teixeira, o lobby também é feito entre integrantes do
Banco Mundial para que a instituição não financie programas de
tratamento em outros países.
"Prova disso é que nos dias 17 e
18 de junho acontece em Washington uma oficina do banco para discutir a resistência aos anti-retrovirais. Por que eles se interessariam por esse assunto se só começaram a financiar tratamentos
há um ano?", questionou.
O estudo sobre resistência aos
medicamentos será um dos argumentos a favor do Brasil.
Apesar de o tratamento ter resultados positivos e a epidemia de
Aids estar estável, o Brasil vem registrando um alto número de casos. Em 2002, foram registrados
9.495 casos -3.464 em mulheres.
Um grupo que vem despertando
mais preocupação é o de mulheres de 13 a 19 anos. Desde 99, o número de casos de adolescentes do
sexo feminino é maior que o de
homens.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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