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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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AIDS

Pesquisa será usada contra críticas

Brasileiro tem menor resistência a coquetel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A resistência de pacientes brasileiros portadores do HIV, vírus causador da Aids, aos medicamentos do chamado "coquetel" (anti-retrovirais) está entre as menores do mundo. Isso significa que doentes de Aids no Brasil têm desenvolvido menos resistência ao tratamento que os de outros países, inclusive desenvolvidos.
Enquanto a taxa de resistência no Brasil é de 6,6%, o índice fica em 15% na América do Norte, 23% na Espanha, 14% na Inglaterra, 13% na Alemanha e 10% na França. Esses dados fazem parte de um estudo realizado pela Rede de Vigilância da Resistência do HIV aos Medicamentos, sob a coordenação do professor Amilcar Tanuri, e publicado na edição do mês passado da revista científica norte-americana "Aids". A rede é composta por um grupo de pesquisadores brasileiros de várias entidades, entre elas o Instituto Oswaldo Cruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O resultado da pesquisa será usado pelo ministério contra argumentos de críticos da política brasileira de combate à Aids, que prevê distribuição gratuita e universal dos anti-retrovirais.
Ontem, durante divulgação dos números da doença no país, o coordenador do programa de DST-Aids do ministério, Paulo Teixeira, disse que o Brasil voltou a receber críticas por sua política no setor. Ele afirmou que há um lobby internacional para desqualificar o tratamento no país. O objetivo seria reduzir pressões mundiais para promover o acesso aos anti-retrovirais em países pobres.
Segundo Teixeira, o lobby também é feito entre integrantes do Banco Mundial para que a instituição não financie programas de tratamento em outros países.
"Prova disso é que nos dias 17 e 18 de junho acontece em Washington uma oficina do banco para discutir a resistência aos anti-retrovirais. Por que eles se interessariam por esse assunto se só começaram a financiar tratamentos há um ano?", questionou.
O estudo sobre resistência aos medicamentos será um dos argumentos a favor do Brasil.
Apesar de o tratamento ter resultados positivos e a epidemia de Aids estar estável, o Brasil vem registrando um alto número de casos. Em 2002, foram registrados 9.495 casos -3.464 em mulheres. Um grupo que vem despertando mais preocupação é o de mulheres de 13 a 19 anos. Desde 99, o número de casos de adolescentes do sexo feminino é maior que o de homens. (LUCIANA CONSTANTINO)


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