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SP não se dobrará ao crime, afirma Lembo
Governador diz que atentados foram reação à atitude de "firmeza" do Executivo e afirma que não negociará com a organização
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador do Estado de São
Paulo, Cláudio Lembo (PFL), afirmou ontem que a ação do PCC
(Primeiro Comando da Capital)
era "previsível" e foi uma conseqüência esperada da transferência
de líderes da facção criminosa para a cidade de Presidente Venceslau. "Tomamos atitudes muito
fortes e sabíamos que teríamos situações difíceis."
Lembo caracterizou os ataques
e rebeliões como reação a uma
atitude de "firmeza" do Executivo
estadual. "Isolamos o pior da má
vida e, por isso, estamos sofrendo
esta represália." E nega qualquer
possibilidade de negociação com
líderes do PCC. "A má vida tem de
ser tratada como má vida. Nós
honrados, que trabalhamos, que
temos respeito à vida do outro,
aos direitos humanos, não podemos negociar. Temos de ser firmes", disse.
Em entrevista coletiva, junto
dos secretários de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, e do
comandante da Polícia Militar,
Elizeu Eclair, Lembo admitiu saber das conseqüências da transferência dos presos.
De acordo com o comandante
da PM, os resultados podiam, inclusive, ter sido mais dramáticos.
"Tínhamos informações de que
podia haver rebeliões. O número
de mortes foi bem menor do que
podia ter sido", disse Eclair.
Os discursos do governo do Estado e dos secretários, que, no
passado, procuravam abrandar a
importância das facções criminosas também se modificaram. "Eu
mesmo dei entrevistas dizendo
que estava preocupado com o crime organizado e com o ingresso
de determinadas figuras em determinados setores dos nossos
presídios. Veja que não estava errado", disse Lembo.
Para combater o crime, Lembo
enfatizou a união dos secretários e
das polícias. "A equipe está muito
integrada. Não estamos nem com
bravata nem com timidez. São
Paulo não se dobrará ao crime."
Perfilados ao lado do governador, Abreu Filho e Furukawa procuraram atribuir a culpa da ação
do PCC ao governo federal e cobraram mudanças nas leis que
versam sobre o RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado). "O
presidente Lula é o único que pode modificar a Constituinte. Só
nos cabe cumprir a lei e protestar.
Precisa haver um debate sério no
Congresso. E não ficar apagando
incêndio aqui e acolá", disse. "A
legislação tem de mudar. É difícil
vencer a guerra sem instrumentos", justificou.
Furukawa também criticou o
governo federal. "Desde 2003, é o
Judiciário que decide o RDD.
Houve um retrocesso, a resolução
de São Paulo [em que o Estado
decidia pela aplicação do regime]
funcionava melhor."
Pela manhã, em evento que
marcava o marcava o início de
obras na marginal do Rio Pinheiros, Lembo homenageou policiais
e civis com um minuto de silêncio
e fez questão de ir à igreja da Cruz
Torta, no bairro de Pinheiros (zona oeste da capital), rezar pelos
"homens que caíram" e mostrar
que se sentia seguro na cidade.
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