São Paulo, sábado, 14 de maio de 2011

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BICHOS

VIVIEN LANDO - vivlando@uol.com.br

Suaves heróis


Cumpre a missão de amar incondicionalmente os donos e aceita serem eles quem decidem seu destino

EMPILHEI alguns livros recentes sobre animais. Difícil missão a do escritor do ramo: ler a alma dos bichos e traduzi-la em liguagem de gente. O norte-americano W. Bruce Cameron, colunista de humor de diversos jornais, assina o pungente "4 Vidas de um Cachorro", no qual Toby, aliás Bailey, aliás Elleya, fica morrendo e reencarnando sem intervalo nem descanso eterno.
Como é o cãozinho mesmo quem nos conta a história de suas vidas, revela como foi aprendendo coisas úteis de uma para outra. Os espíritas ficariam espantados ao ver como ele se recorda bem da existência anterior e da outra ainda. Segundo os kardecistas, nascemos sem essa memória para nosso próprio conforto mental. Imagine saber-se assassino em série psicopata em encarnação anterior. Coisa desagradável!
Mas como os bichos não incluem esses delitos em sua trajetória, o protagonista vai levando seus aprendizados adiante -e sofre de saudades dos donos antigos. Em especial do menino Ethan, com quem acaba se reencontrando na encarnação em que se chama Amigão -a última da narrativa. Cameron evidentemente compartilha a convicção de que a matéria-prima dos cachorros é o amor, em especial pelos humanos.
Como o herói em questão cumpre a missão de amar incondicionalmente os donos, até mesmo com a surpresa de nascer cadela de vez em quando, e como aceita sem questionamentos serem eles quem decidem seu destino, o livro termina como uma espécie de nirvana canino.
Já "As Nove Vidas de Dewey", continuação de "Dewey, um Gato entre Livros", ganhou as listas dos mais vendidos por conta da vida real de um gato. Encontrado à beira do congelamento na caixa de devolução noturna de livros da biblioteca de uma pequena cidade americana, Dewey acabou sendo adotado pela instituição, cuja diretora, Vicki Myron, é autora dos dois livros.
Ali de seu posto entre as estantes, o felino divertiu e consolou muitos dos frequentadores. Terminou por virar uma lenda viva de afeto e vários vinham à biblioteca apenas para conhecê-lo durante os 19 anos que viveu. A escritora aproveita para contar a trajetória dos outros animais dessas pessoas, nas quais sempre existe um vão perfeito para encaixar o carinho exato de um bicho.


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