AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Ela está sumida, mas parece que pouca gente sente falta. Isso porque quando reaparece, dificilmente é aceita.
Comerciantes de várias regiões da capital paulista têm se negado a receber a nota de R$ 1. Em dois dias, a Folha consultou 62 estabelecimentos sobre a aceitação da nota.
De vendedores ambulantes a postos de combustíveis, de farmácias a lavanderias, somente 25 deles disseram que não rejeitam a cédula.
Eles têm duas "justificativas". Uma é que a nota foi "tirada de circulação" pelo Banco Central, o que não é verdade. A outra, é que os clientes simplesmente não querem a cédula como troco.
"A última vez que vi uma faz três meses. Recebi, mas, quando tentei dá-la como troco, ninguém queria. Por isso, rasguei e não aceito mais", diz Bruno Rebelo, 46, empresário na zona leste.
Por outro lado, há consumidores que se sentem constrangidos por ter seu dinheiro rejeitado. "Ia comprar dois pães por R$ 0,60. Quando dei a nota de R$ 1, o caixa não aceitou. Parecia que eu estava dando uma nota falsa e acabei ficando sem o pãozinho", diz o motoboy Augusto Fernandes, 32, cliente de uma padaria da região sul.
A assistente administrativo Flaviana Magalhães, 24, teve sua nota rejeitada numa lavanderia na zona oeste.
"A conta deu R$ 15. Dei uma nota de R$ 10, duas de R$ 2 e uma de R$ 1. Mas a pessoa me disse que só ia me cobrar R$ 14 porque não aceitaria a nota de R$ 1", afirma.

AINDA VALE, SIM
Segundo o Banco Central, a nota verde, que tem um beija-flor em uma de suas faces, não foi extinta nem sairá de circulação. Ainda há 152,2 milhões delas no mercado.
Desde 2006, as cédulas de R$ 1 deixaram de ser produzidas. O motivo é que a fabricação de moedas do mesmo valor é mais vantajosa, já que sua durabilidade é maior.
Produzir moedas de baixo valor em substituição a cédulas é um hábito de diversos países. A União Europeia, por exemplo, só emite cédulas a partir de 5.
Ainda conforme o Banco Central, ninguém pode se negar a receber notas de R$ 1, desde que ela esteja em bom estado de conservação. Agora, se o consumidor não conseguir convencer o comerciante de que a nota ainda é válida, nada pode ser feito.
Restará a ele tentar trocar o dinheiro em um banco.


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