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PITTAGATE
Prefeito reconduzido ao cargo promete não retaliar vereadores governistas que declararam apoio à administração de Regis
Pitta articula retorno de todos os auxiliares
JOÃO BATISTA NATALI
KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Celso Pitta tentou articular ontem a permanência de
todo o seu secretariado, procurando vencer a resistência de alguns em continuar, e prometeu à
base governista na Câmara que
não faria retaliações aos vereadores que hipotecaram apoio ao interino Regis de Oliveira.
Ontem, reunidos com auxiliares
no escritório de Edvaldo Brito,
que ocupava a Secretaria de Negócios Jurídicos, Pitta argumentou que a permanência de todos
os auxiliares era importante para
demonstrar à opinião pública que
eles não se sentiam incomodados
com as suspeitas de improbidade
administrativa.
Na visão de Pitta, a eventual
perda de auxiliares no momento
em que retorna à Prefeitura de
São Paulo poderia parecer uma
espécie de "confissão de culpa",
reforçando ainda mais o carimbo
de uma administração fragilizada.
Por isso, Pitta começou ontem
mesmo a costurar um retorno
sem crises, algo inevitável se houver um início de debandada.
Se ocorrer modificações no secretariado, Pitta tentará desvinculá-las de um eventual abandono
de barco e do temor de que uma
nova decisão judicial possa retirar
os auxiliares de seus postos mais
uma vez.
Nos últimos dias, vários auxiliares do prefeito manifestaram descontentamento com a forma como saíram do cargo em 26 de
maio passado, um dia depois de o
Tribunal de Justiça de São Paulo
ter decidido afastar Pitta.
Segundo os insatisfeitos, o afastamento via decisão judicial soou
como uma espécie de condenação
prévia de toda a equipe que trabalhava com Pitta, especialmente os
secretários que foram acusados
de corrupção por Nicéa Pitta, ex-primeira-dama da capital.
Apesar de o afastamento ter
acontecido sob o argumento de
que, no cargo, Pitta dificultaria a
investigação de eventuais irregularidades, os secretários insatisfeitos avaliavam que leitura da opinião pública era outra: culpa no
cartório.
Na equipe de Pitta, os nomes
que demonstravam mais vontade
de deixar o secretariado eram Jorge Pagura (Saúde), Naor Guelfi
(Administrações Regionais) e
João Gualberto (Educação).
O próprio Pitta tentava convencer os hesitantes. Precisou conversar ontem à tarde duas vezes,
por telefone, com Pagura, que
participava em Fortaleza de um
congresso de neurocirurgia.
Na segunda conversa, segundo
a Folha apurou, Pagura teria aceitado continuar. O ex-secretário
chegou a fazer um relato de providências que poderiam ser tomadas a respeito do cancelamento de
contratos do programa de combate à dengue, decidido por José
Aristodemo Pinotti, que ocupou a
pasta da Saúde durante a efêmera
administração de Regis.
Outro ex-secretário que participava das mesmas articulações era
Getúlio Hanashiro, um dos primeiros a ser recebido por Pitta,
depois que este soube da decisão
do STJ.
De maneira também implícita,
por volta das 17h de ontem Pitta
reconfirmava a permanência de
dois outros auxiliares. Deu a Carlos Augusto Meinberg, ex-secretário de Governo, e a Edvaldo
Britto, a missão de negociar com
Regis de Oliveira a retransmissão
do cargo.
Naquele momento, o roteiro
consistia em aguardar a notificação da decisão judicial para solicitar que Regis tivesse para com Pitta a mesma delicadeza protocolar
que este tivera para com o prefeito
interino 12 dias atrás. Ou seja,
transmitir o cargo pessoalmente,
sem intermediários.
Enquanto isso, na Câmara Municipal, os vereadores próximos a
Pitta, sob a liderança de Brasil Vita (PTB), receberam o recado de
que deveriam ficar discretos.
Não haveria retaliações contra
aqueles que haviam abandonado
a base governista (ultimamente
com 29 dos 55 integrantes da Casa) e prometido apoio à gestão de
Regis de Oliveira.
Para Pitta, dentro da estratégia
de reassumir o posto sem crise,
não interessa comprar briga com
vereadores, pois ainda não terminaram os trabalhos da comissão
processante que analisa o pedido
de impeachment feito pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do
Brasil).
Em troca -embora não houvesse a respeito qualquer acordo
formalizado-, os governistas se
comprometeriam a não fazer
pressão por cargos e voltariam a
tentar evitar o impeachment.
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