São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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TITÃ

O guitarrista, atropelado por uma moto na segunda-feira, teve morte cerebral confirmada às 15h de ontem

Marcelo Fromer morre e família doa órgãos

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Thiago Kairovsky de Souza Pinto, irmão de Marcelo Fromer, na entrevista em que foi anunciada a morte do músico; ele agradeceu o apoio dos fãs


MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A morte cerebral do guitarrista dos Titãs Marcelo Fromer, 39, foi confirmada pela equipe médica do Hospital das Clínicas de São Paulo por volta das 15h de ontem, quando foi realizado um exame de contraste para avaliar se havia circulação sanguínea no cérebro.
Fromer estava internado desde a noite de segunda-feira, depois de ser atropelado por uma moto quando corria na avenida Europa (zona oeste). O músico teve trauma crânio-encefálico e facial.
A morte encefálica é registrada quando cessa a atividade cerebral do paciente, ainda que outros órgãos continuem funcionando.
Em entrevista, os médicos do hospital, entre eles o presidente do conselho diretor e diretor da Divisão Clínica Cirúrgica do HC, Dario Birolini, informaram que a família de Fromer autorizou a doação de seus órgãos.
Thiago Kairovsky de Souza Pinto, irmão do guitarrista, que participou da entrevista, afirmou que a decisão respeitava a vontade do músico. Segundo ele, a doação seria uma forma de fazer com que a perda fosse amenizada pela ajuda a pessoas doentes.
Segundo o coordenador da Organização de Procura de Órgãos do HC, Milton Glezer, sete pessoas deveriam ser beneficiadas pelos órgãos do guitarrista.
A cirurgia da retirada de órgãos -coração, rins, pâncreas, fígado e córneas- começou às 19h e não havia terminado até a conclusão desta edição. O coração foi transplantado ainda ontem à noite em um aposentado de 51 anos (leia texto abaixo).
O velório de Fromer será no Cemitério da Paz, no Morumbi (zona oeste). Estará aberto ao público das 9h às 16h. Depois desse horário, o local será reservado para amigos e familiares do músico. O enterro deve ocorrer às 17h.
O rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, esteve no HC e disse enxergar como um ato de bondade a decisão da família de doar os órgãos.
Segundo Sobel, o judaísmo- religião da família de Fromer- permite a doação "desde que seja para salvar outra vida e desde que se saiba quem vai receber os órgãos". "Marcelo era jovem demais para morrer. Espero que o motociclista e outros motoristas se conscientizem que a vida é sagrada. Respeito no trânsito é mais do que sinal de cortesia. É questão de vida ou morte. Apoio incondicionalmente a decisão da família de doar os órgãos. É uma decisão nobre", afirmou.
Depois da retirada dos órgãos, o corpo seria levado ao IML para autópsia. De acordo com Milton Glezer, o procedimento é obrigatório em morte traumáticas.

Colaborou a Folha Online

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