São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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VIOLÊNCIA

Polícia Civil anunciou operação com o objetivo de "resgatar a credibilidade" da corporação, desgastada no caso Tim Lopes

29% dos policiais do Rio buscam traficante

DA SUCURSAL DO RIO

Sem pistas sobre o paradeiro do traficante Elias Maluco, apontado como responsável pela morte do jornalista Tim Lopes, a Polícia Civil do Rio anunciou a criação da Operação Autoridade Máxima -uma tentativa de "resgatar a credibilidade da polícia", nas palavras do próprio chefe da corporação, Zaqueu Teixeira.
Cerca de 3.000 policiais civis, além de um número não divulgado de policiais militares, participam das ações. Como o efetivo da Polícia Civil no Estado é de 10.500 homens, 29% da corporação está envolvida na iniciativa.
Planejada como resposta à ousadia do tráfico, a operação, em vigor desde ontem, deve mandar para as ruas, todas as noites, policiais civis e militares de várias unidades para combater o crime. Um dos principais alvos da operação é Elias Maluco, 36.
Tim Lopes desapareceu na noite de 2 de maio, quando fazia uma reportagem na Vila Cruzeiro, favela do complexo do Alemão (zona norte). Segundo relato de traficantes presos, o jornalista foi torturado e morto por ordem de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, principal líder do CV (Comando Vermelho) em liberdade e chefe do tráfico na região.

Áreas conflagradas
"As pessoas estão com medo da noite. A gente fala que a polícia está trabalhando, mas a população não acredita. Essa operação é para mostrar que a polícia está combatendo a violência", afirmou Zaqueu Teixeira.
Mais uma vez, o chefe de polícia disse que não há no Rio um Estado paralelo controlado pela criminalidade. "Se isso existisse, a gente não estaria andando nas ruas, indo ao banco, fazendo compras. O que existem são áreas conflagradas", afirmou.
Outro objetivo da operação será tentar cumprir mandados de prisão acumulados ao longo dos anos. Teixeira disse que são 30 mil mandados a cumprir no Estado.
O secretário estadual de Justiça, Paulo Saboya, disse que o número pode chegar a 42 mil. "Se conseguíssemos prender todos esses [procurados", teríamos de distribuir senhas, por não ter onde colocar esses presos", afirmou.
O chefe de gabinete da Polícia Civil, Pedro Paulo Pinho, disse que a operação surgiu a partir da orientação da governadora Benedita da Silva (PT) de "botar a polícia na rua" e de fazer "um choque de presença".
Na avaliação de Pinho, a Operação Autoridade Máxima servirá para que a Polícia Civil reassuma seu papel de investigação na rua.



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