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INTOXICAÇÃO
Análise preliminar indica que pacientes ingeriram Celobar com substância tóxica; resultado final sairá na próxima semana
Exame aponta presença de bário em 3 vítimas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Avaliação preliminar das vísceras de três pessoas que morreram
após tomar o contraste Celobar
apontou a presença de bário, informou ontem o superintendente
da Polícia Técnico-Científica de
Goiás, Décio Ernesto de Azevedo
Marinho. "Tudo indica que foi
detectada a intoxicação", afirmou. Das 21 mortes suspeitas, 15
ocorreram no Estado.
Segundo ele, agora será realizada uma contraprova, com a avaliação de vísceras de pessoas que
não tomaram o contraste, utilizado para destacar órgãos em radiografias do trato digestivo.
O superintendente não informou quais seriam as vítimas em
que o exame deu positivo para bário. A análise será concluída no
início da próxima semana.
Laudos da Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz) e da UFG (Universidade Federal de Goiás) confirmaram a presença de 14% e
12,37%, respectivamente, de carbonato de bário em 100 g do contraste analisado.
As quantidades encontradas no
produto (14 g e 12,37 g) são mais
do que suficientes para matar. A
dose letal do carbonato de bário,
que é utilizado em alguns raticidas, é de 3 g em média.
O fabricante do contraste, laboratório Enila, já admitiu ter feito
uma experiência com carbonato
de bário na fábrica da empresa.
A presença de bário nas vísceras
confirmaria que os pacientes ingeriram a droga com o carbonato,
que é solúvel no organismo -em
contato com o ácido do estômago, o bário é liberado.
Registro
A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) ainda mantinha ontem o registro do produto
e a autorização do fabricante Enila para a produção de remédios.
De acordo com a assessoria de
imprensa, o setor jurídico do órgão ainda verifica se abrirá um
processo paralelo contra o laboratório Enila. Já há um procedimento iniciado pela Vigilância Sanitária do Rio. Toda a produção do
Enila está suspensa.
A lei nº 6.360 de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária de
medicamentos, diz no artigo 19
que será cancelado o registro de
drogas sempre que efetuada modificação não autorizada em sua
fórmula, dosagem, condições de
fabricação, indicação de aplicações e especificações.
Já o artigo 72, inciso 1º, afirma
que a comprovação da infração
dará motivo, conforme o caso, à
apreensão e inutilização do produto, em todo o território nacional, ao cancelamento do registro e
à cassação da licença do estabelecimento.
O químico Vagner Teixeira, gerente de produção do laboratório,
disse ontem em depoimento à polícia do Rio que não verificou nada de irregular na produção do
contraste radiológico.
Ele afirmou que todo o equipamento estava limpo, pois havia sido lavado antes de começar a fabricação do medicamento. Teixeira disse que não sabia que a suposta experiência com carbonato
de bário estava sendo realizada no
laboratório.
O diretor do Enila, Márcio D'Icarahy, afirma que resquícios da
experiência deixados em um
equipamento podem ter causado
a contaminação.
A chefe do departamento de
controle microbiológico do laboratório, Leila Napoleão, confirmou que o lote contaminado havia sido reprovado por haver contaminação bacteriana.
Quando elaborou o laudo final,
vetando a utilização, Leila Napoleão disse ter descoberto que o
medicamento já havia sido liberado para venda e não estava mais
no laboratório.
(FABIANE LEITE E SABRINA PETRY)
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