São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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ARTIGO

"A USP não parou"

SYLVIO SAWAYA
ALEJANDRO SZANTO DE TOLEDO
HANS VIERTLER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Passados 40 dias da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, alguns fatos merecem ser realçados com o intuito de derrubar certos mitos criados. A USP não parou. De forma organizada, porém desprovidos de parte dos meios necessários ao desenvolvimento pleno dos trabalhos de cada um deles, os órgãos da reitoria vencem as dificuldades, desde o início da crise. A maioria das unidades manteve suas atividades de ensino, pesquisa e serviços de extensão, com realce para aqueles relacionados à saúde, caso dos hospitais, clínicas odontológicas e postos de saúde.
Mesmo com a disposição de manter o ritmo das atividades assumidas por todos e a conjugação de esforços dos vários setores para trabalhar em condições adversas e, assim, evitar soluções de continuidade, há prejuízos tangíveis e intangíveis.
Os danos tangíveis referem-se a problemas com processos, sobretudo aqueles relacionados a recursos humanos -contratos, concursos de livre-docência e de professor titular, aposentadorias, entre outros-, que dependem da administração central para o devido processamento. Ademais, há outras modalidades de compromissos, cujo descumprimento implica o pagamento de multas, não raro, vultosas, sem falar na dificuldade na renovação de outros. A depreciação da universidade provocada pela conjuntura que vivemos é um dos prejuízos intangíveis mais perniciosos. É fácil destruir.
Leva muito mais tempo reconstruir uma imagem. Os fatos mostram insatisfação e inquietação. A USP, no entanto, vem se programando há tempos e possui projeto concreto de futuro, comandado por suas lideranças, hoje catalisadas pela reitora. Incansável na atividade administrativa, a professora Suely Vilela enfrenta com determinação as crises e mantém firme e indiscutível posição de diálogo. Põe-se por terra o mito da leniência na condução do impasse.
O conflito prolongado tem levado à convocação, cada vez mais freqüente, dos dirigentes das unidades, para compartilhar dos encaminhamentos e participar das decisões. A semente lançada por essa união que se forja é, sem dúvida, a base para a realização do entendimento de todos e execução do projeto institucional em desenvolvimento. São itens desse projeto a presença internacional afirmativa e independente, a interação com a sociedade em seus aspectos emergentes e críticos e a participação mais democrática dos membros da comunidade na sua concepção e realização. Em síntese, reafirma-se uma USP atualizada, aberta e capaz de assumir seu riquíssimo patrimônio científico e cultural acumulado no tempo e no espaço.
O fato maior, que rebate todos os mitos criados, é que a Universidade de São Paulo não teme o futuro, pelo contrário, deseja esse futuro, porque se sabe forte e capaz de contribuir para o desenvolvimento do país e da nação. Os percalços ora enfrentados são infinitamente menores do que esse destino manifesto.


SYLVIO SAWAYA é diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ALEJANDRO SZANTO DE TOLEDO é diretor do Instituto de Física, HANS VIERTLER é diretor do Instituto de Química; subscrevem outros 56 dirigentes


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