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ARTIGO
"A USP não parou"
SYLVIO SAWAYA
ALEJANDRO SZANTO DE TOLEDO
HANS VIERTLER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Passados 40 dias da ocupação da reitoria da Universidade
de São Paulo, alguns fatos
merecem ser realçados com
o intuito de derrubar certos
mitos criados.
A USP não parou. De forma
organizada, porém desprovidos
de parte dos meios necessários
ao desenvolvimento pleno dos
trabalhos de cada um deles, os
órgãos da reitoria vencem as dificuldades, desde o início da crise. A maioria das unidades
manteve suas atividades de ensino, pesquisa e serviços de extensão, com realce para aqueles
relacionados à saúde, caso dos
hospitais, clínicas odontológicas e postos de saúde.
Mesmo com a disposição de
manter o ritmo das atividades
assumidas por todos e a conjugação de esforços dos vários
setores para trabalhar em
condições adversas e, assim,
evitar soluções de continuidade, há prejuízos tangíveis e
intangíveis.
Os danos tangíveis referem-se a problemas com processos,
sobretudo aqueles relacionados a recursos humanos -contratos, concursos de livre-docência e de professor titular,
aposentadorias, entre outros-,
que dependem da administração central para o devido processamento. Ademais, há outras modalidades de compromissos, cujo descumprimento
implica o pagamento de multas, não raro, vultosas, sem falar na dificuldade na renovação
de outros. A depreciação da
universidade provocada pela
conjuntura que vivemos é um
dos prejuízos intangíveis mais
perniciosos. É fácil destruir.
Leva muito mais tempo reconstruir uma imagem.
Os fatos mostram insatisfação e inquietação. A USP, no
entanto, vem se programando
há tempos e possui projeto
concreto de futuro, comandado
por suas lideranças, hoje catalisadas pela reitora. Incansável
na atividade administrativa, a
professora Suely Vilela enfrenta com determinação as crises e
mantém firme e indiscutível
posição de diálogo. Põe-se por
terra o mito da leniência na
condução do impasse.
O conflito prolongado tem
levado à convocação, cada vez
mais freqüente, dos dirigentes
das unidades, para compartilhar dos encaminhamentos e
participar das decisões. A semente lançada por essa união
que se forja é, sem dúvida, a base para a realização do entendimento de todos e execução do
projeto institucional em desenvolvimento. São itens desse
projeto a presença internacional afirmativa e independente,
a interação com a sociedade em
seus aspectos emergentes e críticos e a participação mais democrática dos membros da comunidade na sua concepção e
realização. Em síntese, reafirma-se uma USP atualizada,
aberta e capaz de assumir seu
riquíssimo patrimônio científico e cultural acumulado no
tempo e no espaço.
O fato maior, que rebate todos os mitos criados, é que a
Universidade de São Paulo não
teme o futuro, pelo contrário,
deseja esse futuro, porque se
sabe forte e capaz de contribuir
para o desenvolvimento do país
e da nação. Os percalços ora enfrentados são infinitamente
menores do que esse destino
manifesto.
SYLVIO SAWAYA é diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ALEJANDRO SZANTO
DE TOLEDO é diretor do Instituto de Física,
HANS VIERTLER é diretor do Instituto de Química; subscrevem outros 56 dirigentes
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