São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Professores decretam greve e param Paulista

Cerca de 10 mil manifestantes, de acordo com a PM, protestaram ontem contra a política educacional do governo Serra

Ato foi motivado por medida que veta transferência de profissionais durante o ano letivo e institui prova para a contratação de temporários

CONRADO CORSALETTE
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Professores da rede estadual decretaram ontem greve por tempo indeterminado para protestar contra a política de educação do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de SP), Carlos Ramiro diz que a greve, que pretende mobilizar os cerca de 230 mil professores, só acabará após a revogação do decreto 53.037, de 28 de maio.
O sindicato acusa o governo de ter tomado de forma unilateral a medida, que dificulta a transferência de professores entre as escolas e institui uma prova anual para a ocupação de vagas por temporários.
"Ao invés de instituir prova, o governo deveria é fazer mais concursos públicos", disse Ramiro. As reclamações não se limitaram ao decreto. "Estamos há três anos sem qualquer reajuste", afirmou o sindicalista.

Manifestação
Após a realização de uma assembléia na praça da República, no meio da tarde, cerca de 10 mil manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, seguiram a pé pelas ruas do centro, fechando uma pista inteira da rua da Consolação e bloqueando o trecho da avenida Paulista em frente ao Masp.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou congestionamento de 2,3 km na avenida Paulista a partir das 17h, da rua Haddock Lobo até a praça Oswaldo Cruz. Houve lentidão de 2,3 km nos dois sentidos do elevado Costa e Silva e de 1,8 km na rua da Consolação.
Em toda a cidade, foram registrados 194 km de congestionamentos por volta de 19h, índice normal para uma sexta.
Cerca de 200 ônibus levaram professores de todo o Estado para a manifestação de ontem, segundo os líderes do movimento. Apesar da grande concentração de pessoas, a PM não registrou ocorrências.
Ao menos 300 policiais foram destacados para acompanhar a passeata, que acabou por volta de 19h. A essa hora, pouco mais de 4.000 professores estavam em frente ao Masp.
Um dos poucos momentos de tensão ontem ocorreu quando os manifestantes começaram a se aproximar da Paulista. Um grupo que seguia na frente do carro de som resolveu fechar a outra pista da Consolação. Algumas pessoas se deitaram no chão. A PM correu para tirá-los dali. Os líderes do protesto pediram calma pelo microfone.
"Eles vão fechar a avenida, não tem jeito. Ninguém vai bater em ninguém, porque a conduta da polícia não é essa, mas há alguns infiltrados provocando", dizia o tenente-coronel Paulo Adriano Telhada, comandante da operação da PM.
Quando a passeata enfim entrou na Paulista, alguns carros foram cercados. Motoristas até ameaçaram protestar com um buzinaço, rapidamente encoberto pelo coro "José Serra, a culpa é sua, professor na rua".
A Apeoesp marcou uma nova manifestação para a próxima sexta-feira, quando a categoria pretende discutir se dá ou não continuidade à greve.
A concentração será em frente ao Masp. A Apeoesp fala em reunir até 100 mil professores.


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