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Professores decretam greve e param Paulista
Cerca de 10 mil manifestantes, de acordo com a PM, protestaram ontem contra a política educacional do governo Serra
Ato foi motivado por medida que veta transferência de profissionais durante o ano letivo e institui prova para a contratação de temporários
CONRADO CORSALETTE
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Professores da rede estadual
decretaram ontem greve por
tempo indeterminado para
protestar contra a política de
educação do governador de São
Paulo, José Serra (PSDB).
Presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de SP),
Carlos Ramiro diz que a greve,
que pretende mobilizar os cerca de 230 mil professores, só
acabará após a revogação do decreto 53.037, de 28 de maio.
O sindicato acusa o governo
de ter tomado de forma unilateral a medida, que dificulta a
transferência de professores
entre as escolas e institui uma
prova anual para a ocupação de
vagas por temporários.
"Ao invés de instituir prova, o
governo deveria é fazer mais
concursos públicos", disse Ramiro. As reclamações não se limitaram ao decreto. "Estamos
há três anos sem qualquer reajuste", afirmou o sindicalista.
Manifestação
Após a realização de uma assembléia na praça da República, no meio da tarde, cerca de 10
mil manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, seguiram a pé pelas ruas do centro, fechando uma pista inteira
da rua da Consolação e bloqueando o trecho da avenida
Paulista em frente ao Masp.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou
congestionamento de 2,3 km
na avenida Paulista a partir das
17h, da rua Haddock Lobo até a
praça Oswaldo Cruz. Houve
lentidão de 2,3 km nos dois sentidos do elevado Costa e Silva e
de 1,8 km na rua da Consolação.
Em toda a cidade, foram registrados 194 km de congestionamentos por volta de 19h, índice normal para uma sexta.
Cerca de 200 ônibus levaram
professores de todo o Estado
para a manifestação de ontem,
segundo os líderes do movimento. Apesar da grande concentração de pessoas, a PM não
registrou ocorrências.
Ao menos 300 policiais foram destacados para acompanhar a passeata, que acabou por
volta de 19h. A essa hora, pouco
mais de 4.000 professores estavam em frente ao Masp.
Um dos poucos momentos
de tensão ontem ocorreu quando os manifestantes começaram a se aproximar da Paulista.
Um grupo que seguia na frente
do carro de som resolveu fechar
a outra pista da Consolação. Algumas pessoas se deitaram no
chão. A PM correu para tirá-los
dali. Os líderes do protesto pediram calma pelo microfone.
"Eles vão fechar a avenida,
não tem jeito. Ninguém vai bater em ninguém, porque a conduta da polícia não é essa, mas
há alguns infiltrados provocando", dizia o tenente-coronel
Paulo Adriano Telhada, comandante da operação da PM.
Quando a passeata enfim entrou na Paulista, alguns carros
foram cercados. Motoristas até
ameaçaram protestar com um
buzinaço, rapidamente encoberto pelo coro "José Serra, a
culpa é sua, professor na rua".
A Apeoesp marcou uma nova
manifestação para a próxima
sexta-feira, quando a categoria
pretende discutir se dá ou não
continuidade à greve.
A concentração será em frente ao Masp. A Apeoesp fala em
reunir até 100 mil professores.
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