São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Engenheiro é morto em assalto no Morumbi

O argentino Ricardo Monserrat, 54, foi assassinado a facadas, dentro de casa, após enfrentar um dos quatro criminosos

Segundo testemunhas, ele percebeu que arma de adolescente era de brinquedo, reagiu e foi imobilizado e morto pelos comparsas

CINTHIA RODRIGUES
MAURÍCIO HORTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O engenheiro argentino Ricardo Fernando Monserrat, 54, foi morto a facadas após reagir a um assalto dentro de sua casa, no Morumbi (zona oeste de São Paulo). No início da madrugada de ontem, ele ouviu um barulho no térreo de seu sobrado e desceu para verificar. Segundo sua família, na copa, ele gritou: "Daqui você não passa".
De acordo com o relato dos empregados à polícia, Monserrat se deparou com um assaltante adolescente e percebeu que a sua arma era de brinquedo. Pegou então uma faca da cozinha e o enfrentou.
O garoto de 14 anos tentou fugir, mas foi golpeado nas costas. Quando ouviram os gritos, outros três assaltantes, que mantinham dois empregados rendidos e se preparavam para vasculhar a casa, correram em direção ao engenheiro. Eles o imobilizaram e usaram a mesma faca para feri-lo no pescoço.
Os quatro fugiram sem levar nada. Ontem mesmo dois menores de 18 anos foram apreendidos como suspeitos.
O filho do engenheiro, Leandro Monserrat, 24, tentou reanimá-lo, enquanto a mulher, Flora Eunice, pedia socorro. A vítima morreu a caminho do hospital Albert Einstein.
A casa fica a um quarteirão do estádio do Morumbi, na rua Horácio Bandieri, e tem três pavimentos. Muros e grades que a cercam têm cerca de dez metros de altura. Para entrar, os assaltantes escalaram um terreno vizinho que está em processo de terraplenagem.
O velório, programado no cemitério do Morumbi, não ocorreu. Às 17h, o corpo ainda estava no IML (Instituto Médico Legal), e a família decidiu levá-lo diretamente para o crematório, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).

"Melhor pai do mundo"
Além de parentes e amigos do engenheiro, foram ao cemitério cerca de 50 jovens, amigos de seus filhos, Leandro, estudante de engenharia, e Luiza, 18, aluna de arquitetura. Muitos eram ex-colegas da escola Miguel Cervantes, onde os irmãos estudaram.
Luiza foi a única a ir ao cemitério, enquanto a mãe e o irmão estavam no IML. Durante duas horas, os visitantes formaram uma fila para consolá-la.
"Ele era o melhor pai do mundo", repetia. "Minha mãe e meu irmão estavam no andar de cima, e meu pai foi à copa da cozinha proteger a família", contou. Segundo ela, o irmão desceu para ajudar, mas já encontrou o pai ferido. "Ele ainda acordou, mas não resistiu."


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