São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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"Boom" faz mais nova favela de SP crescer

Jardim Piracuama 3 (zona sul), com 16,5 mil m2, teve aumento de obras no último ano que levou à fusão com 2 favelas ao redor

Número de casas é maior do que diz banco de dados da Secretaria de Habitação; pessoas dizem ter comprado parte da área de falsos donos


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na favela mais recente de São Paulo, criada em 2007, já existe um número maior de casas do que o estimado pela Secretaria Municipal de Habitação, no ano passado, para fazer o site Habi-SP -banco de dados sobre todas as favelas da cidade.
Desde então, os 16,5 mil metros quadrados do terreno particular onde fica a Jardim Piracuama 3, em Campo Limpo (zona sul), foram tomados por casinhas de alvenaria já prontas ou em construção. Barracos de madeira só existem quatro, segundo os moradores.
De acordo com eles, a invasão do local começou pelo menos três anos antes do que a secretaria diz. No começo, eram poucas casas, construídas no fundo do terreno, mais escondidas.
Mas foi apenas em 2007 que a área ficou completamente tomada, chamando a atenção e entrando para as estatísticas da prefeitura como uma das 1.565 favelas de São Paulo.
A área cresceu tanto que se uniu a outras duas favelas que cercavam o terreno: a Jardim Piracuama 1 e a Jardim Evana.
Moradores da favela Jardim Piracuama 3 não souberam explicar por que aconteceu esse "boom" de construções no ano passado.
"Um [morador] foi falando para o outro e aí foi aumentando [o número de casas]. Minha irmã ficou sabendo e depois nós também viemos", conta uma adolescente, que não quis se identificar.
Hoje, já existem no local bares, pequenas mercearias e até salão de beleza, conta a menina.
Para construírem suas casas, os moradores tiveram que comprar uma parte do terreno onde fica a favela.
Mas o pagamento não foi feito para o verdadeiro dono do local, que os moradores nem sabem quem é. Ele foi dado para pessoas que demarcaram antes o terreno, sabendo que a procura por um pedaço de terra era grande por aquela região.
A favela está localizada no final de uma rua sem saída, próxima a uma área com residências de classe média.
Um dos proprietários dessas casas conta, anonimamente, que, quando a invasão começou, seus próprios vizinhos demarcaram livremente pedaços do terreno e venderam para os que hoje ocupam a favela.
Atualmente, existem ainda dois terrenos à venda. Segundo moradores, um custa R$ 5.000 e o outro, R$ 6.000.
"Eu não invadi, eu comprei", diz a dona-de-casa Maria das Graças de Jesus Batista, 55, que afirma ter pago R$ 1.500 por seu lote, em 2006.
No lote, o ex-marido e um dos filhos construíram uma casa de alvenaria com três cômodos -cozinha, banheiro e uma sala, que funciona também como quarto. Nesse espaço, dormem as dez pessoas da família, que vivem com uma renda de R$ 500 por mês. (TB)


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