São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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RICARDO GUILHERME DICKE (1936-2008)

O garimpeiro literário do Mato Grosso

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O reconhecimento à literatura de Ricardo Guilherme Dicke oscilava entre o tudo e o nada. Era o maior escritor brasileiro vivo ao lado de Machado de Assis para gente como Hilda Hilst; mas era desconhecido do público, dizia, porque as editoras estavam longe. Elas em São Paulo, ele eternamente em Cuiabá, esperando o dia em que publicaria os livros em todo o país.
"Autor descoberto por Guimarães Rosa" era um rótulo que carregava, fazer o quê -no prêmio literário em que seu romance "Deus de Caim" ganhou o quarto lugar, o júri tinha o autor de "Grande Sertão: Veredas".
Criado em colégio de padre e filósofo de formação, dizia ter virado ateu lendo Sartre. "Guimarães Rosa é que acabou com todo o meu ateísmo." Nascido em Chapada dos Guimarães (MT), em uma família de garimpeiros, era daqueles "literatos que dedicam suas vidas à busca garimpagem -da identidade de seu povo", disse o reitor da UFMT, ao conferir-lhe o título de doutor honoris causa, um dos muitos prêmios, moções e elogios que recebeu.
Mas o público no resto do pais, esse não o conhecia, mal encontrava sua obra. A cada elogio de peso, vinham matérias nos jornais, entrevistas -mas então o esquecimento. Lançara um livro em 2006 e aguardava o relançamento dos outros, por uma grande editora. Casado, tinha uma filha e dois netos. Morreu quarta, de uma parada cardiorespiratória, aos 68.

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